ATA DA NONA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 29.03.1989.

 


Aos vinte e nove dias do mês de março do ano de mil novecentos e oitenta e nove reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Nona Sessão Ordinária da Primeira Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura. Às quatorze horas e quinze minutos foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adroaldo Correa, Airto Ferronato, Artur Zanella, Clóvis Brum, Cyro Martini, Décio Schauren, Dilamar Machado, Edi Morelli, Elói Guimarães, Ervino Besson, Flávio Koutzii, Gert Schinke, Giovani Gregol, Heriberto Back, Isaac Ainhorn, Jaques Machado, João Motta, José Valdir, Lauro Hagemann, Leão de Medeiros, Letícia Arruda, Luiz Braz, Luiz Machado, Mano José, Nelson Castan, Valdir Fraga, Vicente Dutra, Vieira da Cunha, Wilson Santos, Wilton Araújo e Ilo Sperb. Constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e solicitou ao Ver. Vicente Dutra que procedesse à leitura de trecho da Bíblia. A seguir, o Sr. Secretário procedeu à leitura da Ata da Oitava Sessão Ordinária que, juntamente com a Ata da Sétima Sessão Ordinária, foi aprovada. À Mesa foram encaminhados: pelo Ver. Airto Ferronato, 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 10/89 (proc. nº 705/89), que autoriza a construção de um ponto fixo, com recursos financeiros do Sindicato dos Trabalhadores Rurais e da Cooperativa dos Produtores Rurais de Porto Alegre, para comercialização e divulgação dos produtos primários, produzidos no cinturão verde do Município e dá outras providências; pelo Ver. Cyro Martini, 01 Pedido de Providências, solicitando abastecimento de água para residências na Vila Boa Vista; pelo Ver. Ervino Besson, 01 Pedido de Informações, acerca da existência ou não de algum projeto no sentido de calçar a Rua Gen. Gomes Carneiro; pelo Ver. Nelson Castan, 04 Pedidos de Providências, solicitando conclusão das obras da Rua Santa Maria (calçamento), desobstrução do cano de esgoto pluvial em frente ao número 101 da Rua Vidal de Negreiros, capa de asfalto da Av. Bento Gonçalves até a Saldanha da Gama, colocação de uma tampa de bueiro na esquina da Rua Vidal de Negreiros com a Avenida Bento Gonçalves, retirada de uma árvore (salso chorão) na Rua Vidal de Negreiros, em frente ao nº 101; pavimentação da Rua 1º de Setembro, entre a Av. Bento Gonçalves e a Rua 26 de Dezembro; instalação de uma sinaleira nas esquinas da Av. Bento Gonçalves com a Rua Vidal de Negreiros; serviço de conservação e patrolagem nas Estradas dos Batilanos, Barcelos e Enfermeiras e nas Ruas Cândido Gomes, Dona Moza e Rua A da Vila 1º de Maio. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 22/89, do Gabinete do Governador; 22; 52/89, da Assembléia Legislativa; 38/89, do Consulado da Venezuela; 69/89, da Brigada Militar; 90/89, da Câmara Municipal de Natal; s/nº, do Gabinete do Governador; do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul. Ainda, foi apregoado o Ofício nº 233/89, do Sr. Prefeito Municipal. Após, constatada a existência de “quorum”, foram aprovados Requerimentos dos Vereadores José Alvarenga e João Dib, solicitando Licença para Tratar de Interesses Particulares, respectivamente, no período de vinte e nove a trinta e um do corrente e no dia de hoje. Em continuidade, o Sr. Presidente convidou os presentes a assistirem, de pé, à entrega dos Diplomas e Declarações de Bens e prestação de compromisso legal dos Suplentes Antonio Losada e Martim Aranha, declarando S. Exas. empossados na Vereança. Ainda, informou que os Suplentes Antonio Losada e Martim Aranha assumiriam, respectivamente, a Comissão de Economia e Defesa do Consumidor, em substituição ao Ver. José Alvarenga, e de Urbanização, Transportes e Habitação, em substituição ao Ver. João Dib. A seguir, foi aprovado Requerimento verbal do Ver. Clóvis Brum, solicitando a inversão da ordem dos trabalhos, passando-se à ORDEM DO DIA. Na ocasião, o Sr. Presidente respondeu Questões de Ordem dos Vereadores Luiz Braz e Flávio Koutzii, acerca dos Pareceres das Comissões da Casa com relação ao processo nº 2474/88. Em Discussão Geral e Votação Secreta, foi rejeitado o Veto Parcial aposto ao Projeto de Lei do Executivo nº 141/88 (Proc. 2474/88), por vinte e um Votos SIM contra onze Votos NÃO, após ter sido discutido pelos Vereadores Artur Zanella, Luiz Braz, Dilamar Machado, João Motta, Mano José, Vicente Dutra, Cyro Martini, Clóvis Brum, Nelson Castan, Airto Ferronato, Adroaldo Correa, José Valdir, Wilton Araújo, Elói Guimarães, Heriberto Back, Décio Schauren, Vieira da Cunha, Flávio Koutzii e Lauro Hagemann; foram escrutinadores os Vereadores Martim Aranha e Antonio Losada. Ainda, em Discussão Geral e Votação Secreta, foi rejeitado o Veto Parcial aposto ao projeto de Lei do Executivo nº 110/88 (Proc. 2187/88), por vinte e três Votos SIM contra oito Votos NÃO, após ter sido encaminhado à votação pelos Vereadores Clóvis brum, Lauro Hagemann, Vicente Dutra e José Valdir; e tendo sido escrutinadores os Vereadores Mano José e Letícia Arruda. A seguir, foram aprovados os seguintes Requerimentos: do Ver. Gert Schinke, solicitando que o Projeto de Lei do Legislativo nº 19/89 (Proc. 0891/89) seja considerado em regime de urgência e submetido à reunião conjunta das Comissões de Justiça e Redação, de Urbanização, Transportes e Habitação e de Economia e Defesa do Consumidor; e realização de uma Sessão Solene, no dia 06 de abril do corrente, pela passagem do Dia nacional da Saúde; do Ver. Luiz Braz, solicitando que o projeto de Lei do Legislativo nº 01/89 (Proc. 0686/89) seja considerado em regime de urgência; do Ver. Mano José, de Voto de Congratulações com a Associação das Patrulhas do Verde pela passagem de seu 8° aniversário; com o Centro de Reabilitação de Porto Alegre pela passagem de seu 25° aniversário; e com o Colégio Militar pela passagem de seu 77º aniversário de criação; do Ver. Valdir Fraga, de Voto de Congratulações com o Clube de Mães Cristal pela passagem de seus 18 anos de fundação; do Ver. Vicente Dutra, de Voto de Congratulações com o Tribunal Federal de Recursos e com os Juízes Federais nomeados para integrar o Tribunal Regional Federal, este, após ter sido encaminhado à votação pelo próprio autor; e com o Sr. Millo de Lourdes Raffin pelo recebimento da Medalha Cidade de Porto Alegre; do Ver. Vieira da Cunha, de Moção de Apoio ao Movimento “A Caixa é Nossa”, em defesa desse estabelecimento gaúcho; do Ver. Wilton Araújo, de Voto de Congratulações com o Escritor Carlos Nejar por sua posse na Academia Brasileira de Letras, após ter sido encaminhado à votação pelos Vereadores Isaac Ainhorn e Clóvis Brum; e do Ver. Artur Zanella, solicitando a realização de uma Sessão Solene no dia 04 de maio para homenagear a passagem dos 25 anos de atividades do Jornal Zero Hora; de Voto de Congratulações com Sheun Ming Ling, Marcos Vinícius Pratini de Moraes e William Ling, por assumirem a Instituição Holding Petropar S/A, em Porto Alegre; com a Sociedade Gondoleiros pela passagem de seu aniversário e posse do novo Presidente; de Voto de Pesar pelo falecimento de João Olavo Gay; pelo falecimento de Jorge Barbedo Perrone; e pelo falecimento de José Peres de Pinho. Ainda foi aprovado Requerimento do Sr. Presidente, às dezoito horas e quinze minutos, nos termos do artigo 85 do Regimento Interno, de prorrogação dos trabalhos da presente Sessão, para cumprimento da Ordem do Dia. Nada mais havendo a tratar, o Sr. Presidente levantou os trabalhos às dezenove horas e quinze minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Valdir Fraga, Isaac Ainhorn e Clóvis Brum, e secretariados pelos Vereadores Lauro Hagemann e Isaac Ainhorn. Do que eu, Lauro Hagemann, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelo Sr. Presidente e por mim.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga): Declaro abertos os trabalhos da presente Sessão.

Antes do Grande Expediente, nós vamos apregoar dois Requerimentos dos Vereadores José Alvarenga e João Dib.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO: Sobre a mesa, Requerimento de autoria do Ver. José Alvarenga, solicitando Licença nos dias 28, 29, 30 e 31 de março deste ano, para tratar de Interesses Particulares.

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO: Requerimento, subscrito pelo Ver. João Dib, solicitando Licença para tratar de Interesses Particulares no dia 29 de março corrente.

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Convidamos os Vereadores Suplentes, Antonio Losada e Martim Aranha a entregarem seus Diplomas e as Declarações de Bens e convidamos o Plenário e a assistência para, em pé, ouvirem o compromisso que os Srs. Suplentes prestarão a seguir.

(O Sr. Antonio Losada lê o compromisso constante do parágrafo 1º do art. 5º do Regimento Interno.)

 

O SR. PRESIDENTE: Declaro empossado o Suplente Antonio Losada que acaba de prestar compromisso.

Informo que S. Exª integrará a Comissão de Economia e Defesa do Consumidor.

(O Sr. Martim Aranha lê o compromisso constante do parágrafo 1º do art. 5º do Regimento Interno.)

 

O SR. PRESIDENTE: Declaro empossado o Suplente Martim Aranha que acaba de prestar compromisso.

Informo que S. Exª integrará a Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação.

Passamos ao

GRANDE EXPEDIENTE

 

O SR. CLÓVIS BRUM (Questão de Ordem): Sr. Presidente, tendo conversado com o Ver. Vieira da Cunha, Líder do PDT; o Ver. Flávio Koutzii, Líder do PT; o Ver. Artur Zanella, Líder do PFL; o Ver. Luiz Braz, Líder do PTB; o Ver. Vicente Dutra, Líder do PDS, e com o Ver. Lauro Hagemann, Líder do PCB, apresento um Requerimento para a inversão da ordem dos trabalhos, com o Grande Expediente após a Ordem do Dia. Ordem do Dia, Pauta e depois o Grande Expediente.

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento dos Líderes para a transposição do Grande Expediente para a Ordem do Dia de imediato. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Solicito ao Sr. Secretário que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores para nova verificação de “quorum” para entrarmos na Ordem do Dia.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO: (Procede à chamada nominal.) Há “quorum”, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE: Passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO SECRETA

 

PROC. N° 2474/88 – VETO PARCIAL ao PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 141/88, que estabelece o Plano de Carreira dos Funcionários da Administração Centralizada do Município, dispõe sobre o Plano de Pagamento e dá outras providências.

 

Pareceres:

- da CEDECON. Rel. Vereador Jaques Machado: pela rejeição do Veto;

- da CFO. Rel. Ver. Dilamar Machado: pela rejeição do Veto;

- da CUTHAB. Rel. Ver. Nelson Castan: pela rejeição do Veto;

- da COSMAM. Rel. Ver. Giovani Gregol: pela manutenção do Veto ao artigo 55.

 

O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem): A Questão de Ordem refere-se ao voto dado na Comissão de Saúde e Meio Ambiente, porque naquela Comissão três Vereadores votaram e entregaram uma justificativa do voto, e essa justificativa, eu pediria que fosse lida, porque ela diz exatamente o porquê de a Comissão de Saúde ter dado o Parecer favorável do Ver. Giovani Gregol.

 

O SR. PRESIDENTE: Está certo.

 

O SR. FLÁVIO KOUTZII (Questão de Ordem): Penso que, acompanhando a preocupação do Ver. Luiz Braz, houvesse manifestação também sobre os outros Pareceres.

 

O SR. PRESIDENTE: Seria bom que o Relator fizesse o relato de suas posições.

 

O SR. ARTUR ZANELLA (Questão de Ordem): Já foi distribuído, há mais de uma semana ou duas, e eu já tenho isto no meu gabinete, todos os relatórios. A única dúvida que havia, se é que havia, era esta questão da votação com restrições. Eu tenho a impressão de que os outros não têm que ser lidos, porque já foram entregues aos Vereadores há mais tempo. Com todo o respeito.

 

O SR. PRESIDENTE: Nós vamos, Ver. Luiz Braz e Ver. Artur Zanella, que é o primeiro inscrito, pedir o assessoramento da Direção Legislativa e, no decorrer, então, o segundo próximo que seria V. Exª, nós já temos a posição, para ganhar tempo, Ver. Clóvis Brum.

Com a palavra, o Ver. Artur Zanella, V. Exª tem 10 minutos para discutir o PLE nº 141/88 - Veto Parcial.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu creio que o Parecer da Comissão de Defesa do Consumidor, Ver. Jaques Machado, o qual eu aprovei coloca bem todas as questões e os demais pareceres também. Mas eu creio Sr. Presidente, dada a relevância do assunto que se deva fazer também uma análise sobre todo um contexto de administração de pessoal. Em primeiro lugar, essas gratificações de incentivos no Estado e na União, já estão a longo tempo deferidas, pagas no Estado com o nome de GIT, que é gratificação de Incentivo Técnico, que todos os técnico-científicos do Estado ganham e também a GIA que é a gratificação de Incentivo à Arrecadação. No governo do Estado isto é pago, no Governo Federal idem, e no Governo Municipal diversas categorias já ganham, e tem uma até reincidente, porque esta Casa aprovou para os Procuradores dois e meio salários e depois se colocou novamente em votação um Projeto que revogava esta gratificação e este Projeto foi derrotado e os procuradores recebem esta gratificação assim como diversos outros. Mas ainda, Sr. Presidente, no ofício do Sr. Prefeito Municipal anterior ele coloca questões que estão ultrapassadas, neste momento, fruto da nova realidade. Diz S. Exª que os estudos de projeção financeira de aplicação do Plano de Carreira, etc., não contemplaram esta gratificação que abrange o universo dos servidores técnico-científicos da Centralizada, colocando que existiam despesas não previstas e acima da capacidade do erário municipal; isso em 30 de dezembro talvez fosse até verdadeiro e até discuto isso. Mas depois, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, esta Casa aprovou pelo máximo o Imposto sobre Combustíveis, que era até 3% e foi aprovado por esta Casa 3%, que já estão sendo cobrados; depois que esta Casa aprovou o ITBI, Transferências de Bens Imóveis, que no Estado era 2% e era dividido, e hoje veio para a Prefeitura com os 2%, e que nesta Casa foi transformado em 3% - e não se diga que subiu somente 1%, não. 1% de 2, representa 50% do aumento e segundo o que se dizia à época, elevaria esta arrecadação até cerca de 800 milhões de cruzados antigos. No momento em que o Estado aprova o ICMS que transfere não mais 20% para os Municípios e sim 25% para os Municípios, e isso não está suspenso por esta negociação do Plano Verão; no momento em que a Prefeitura Municipal atual diz que não vai prover 20% dos cargos para que os outros possam receber melhor, creio que este primeiro argumento do Sr. Prefeito Municipal anterior cai por terra. Os recursos que o Executivo pediu para esta Casa foram todos concedidos, com juros, com aumento, como o caso do ITBI. Diz, também, o Sr. Prefeito na época que o artigo seria um fato desencadeador de idêntico dispositivo nos planos das autarquias e magistérios, o que certamente não seria suportável pela Fazenda Municipal. Creio Sr. Presidente, Srs. Vereadores, que este é um argumento favorável, este argumento é favorável à aprovação do projeto, porque é evidente, se nós decidirmos aqui que os técnico-científicos da centralizada merecem esse tipo de gratificação que já é pago a diversas classes funcionais da Prefeitura, que já é pago aos funcionários federais, aos funcionários estaduais, que estão, inclusive, à beira da greve porque acham pouco essa gratificação de incentivo, é justo, evidentemente, que as autarquias, por Projeto posterior, também recebam. E dessas autarquias nós temos o DMAE, por exemplo, que é uma autarquia auto-suficiente, que talvez fosse a de maior número de funcionários futuramente, que aumentou a sua tarifa em 56% há poucos dias, dando tranqüilamente condições de manutenção de uma gratificação desse tipo. E o DEMHAB, como todos estamos cansados de ver, sua Diretoria, em carta a esta Casa, já anuncia o saneamento da autarquia.

 

O Sr. José Valdir: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu só queria pedir ao Vereador que esclarecesse qual é o Prefeito que diz que essa reivindicação não seria suportável pela Fazenda.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Se V. Exª não sabe qual é o Prefeito anterior, eu informo que é o Dr. Alceu Collares e a leitura do ofício de 30 de dezembro, indica claramente também qual é o Prefeito.

E dentro do contexto, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, administrativo, mais se justifica essa concessão. No ano passado, quando estávamos votando aqui o Plano de carreira - e eu falei isso ontem - quando o Sindicato nos dizia para aprovar esse ano, porque seria mais fácil, melhor, os funcionários ganhariam mais, os Vereadores de então resolveram aprovar o Plano de Carreira no ano passado, porque já imaginavam o que vinha este ano. E o que aconteceu foi o seguinte: não chegou até agora nenhum projeto de lei trazendo benefícios aos funcionários municipais, o único que chegou foi para fixar os parâmetros do aumento, de janeiro e fevereiro, que eram automáticos em função do Plano de Carreira, logo inócuo. Em segundo lugar, o Projeto que chegou é o Projeto que falava em 20% e que, em reunião na Prefeitura Municipal, foi dito às lideranças que não poderiam aumentar em nada porque não tinham dinheiro, que iriam rachar o prejuízo oferecendo 20%. Vê-se, hoje, que a proposta ora apresentada, onde é previsto um aumento de 40,36%, sendo 25% em março e 12% em junho, traz quatro armadilhas para os funcionários: a primeira é que se o aumento for de 25% no mês de março e os 12% cumulativos em junho, os servidores não receberão em março, abril e maio esses 12%, não recuperarão jamais. Como dizia o Ministro Bresser Pereira, “o gato comeu”! Em segundo lugar, quando se fizer o cálculo dos meses de abril e maio, como está redigido, o básico vai ser 25% e não 40%, é a segunda armadilha que tem no projeto de aumento. A terceira é que se anuncia que em agosto poderão ser dados os 76%, mas não se garante, só se dará se houver, no máximo, um gasto de 80% em relação - e vou ler - “à média anual de 80% da receita de 1989”. É a terceira armadilha, porque não se promete a correção. E a quarta, e definitiva armadilha, que encerra a terceira, é que em agosto a média salarial que tiver em 1989, não vai trazer os meses de novembro e dezembro - que são, exatamente, os meses onde a arrecadação é maior. Logo a média vai baixar.

Então, dentro deste contexto, nós temos que derrubar este Veto para que o funcionário ao menos, já que ele não vai ter aumento condizente, já que ele não vai ter aumento legal, já que mesmo o aumento dado pelo Plano Verão, - que o Sr. Prefeito estava na rua há poucos dias fazendo piquete contra - nem esse vai ser atendido. O mínimo que se pode dar aos técnicos da Prefeitura Municipal de Porto Alegre é aquilo que este Legislativo já aprovou, que é esta gratificação do art. 55, que eu tenho certeza que por justiça lhe será concedido no dia de hoje. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): O próximo orador inscrito é o Ver. Luiz Braz. A Mesa solicita aos funcionários que se encontram aqui presentes a esta Sessão que permaneçam, mas não são permitidas as manifestações das galerias.

Ver. Luiz Braz, V. Exª dispõe de dez minutos.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu devo esclarecer que na Comissão de Saúde e Meio Ambiente, da qual nós fazemos parte, o Veto mereceu o Parecer favorável do Relator Giovani Gregol. E a princípio, três Vereadores, componentes daquela Comissão, votaram contrários ao Parecer do Ver. Giovani por entenderem que o Veto precisava ser derrubado em Plenário. E aí surgiu, porque nesta Casa - como todas as Casas desta proporção e desta importância - existem boatos que correm pelos corredores. E, nos boatos que nós ouvimos correndo pelos corredores surgiu um que dizia: “o Presidente da Comissão de Saúde e Defesa do Consumidor iria, como se diz na gíria “sentar sobre o Processo para não deixá-lo caminhar”. Iria trancar o Processo na Comissão de Saúde e Defesa do Consumidor para que ele não viesse a Plenário para ser votado.

Saúde e Meio Ambiente, sem poder confirmar para os Senhores, mas com medo de que o boato pudesse ser verdade, três membros da Comissão: Ver. Ervino Besson, Ver. Mano José Filho e este Vereador, nós que havíamos votado contrariamente ao Parecer do Ver. Giovani Gregol, resolvemos votar com restrições o Parecer, mas, não sem antes explicarmos a razão da nossa mudança de voto. A explicação, ela está aqui, faz parte do Processo e está assinada pelos três Vereadores; Diz o seguinte: (Lê a Declaração de Voto ao Parecer nº 01/89, da COSMAM.)

Por isso, então, nós reformulamos o voto, para que esse Processo pudesse, hoje, estar sendo votado aqui e para que os Vereadores pudessem hoje externar em Plenário os seus pensamentos. Aqueles que são contra os funcionários públicos, diante do que reza o art. 55 e aqueles que são favoráveis a esta gratificação para os técnico- científicos de acordo com o que diz o art. 55.

Aliás, diz aqui, nestas razões do Veto, quem fez essas razões do Veto cometeu um equívoco, diz assim: “A gratificação abrange o universo dos servidores técnico-científicos da administração centralizada”. Não é verdade, porque diz o art. 55, ele é muito claro: fica instituída a gratificação por incentivo técnico aos funcionários municipais detentores de cargo privativo do curso superior. Sabemos muito bem que existe na Centralizada muitos servidores com nível técnico-científico mas que não ocupam cargos privativos de nível superior. Por isso mesmo as razões do veto, quando começam a ser justificadas cometem um equívoco.

Quero dizer aos Senhores, que não faz muito tempo o PT vivia nas ruas desta Cidade, ao lado dos servidores públicos municipais, defendendo a idéia que os servidores precisavam ganhar bem, que os servidores federais, estaduais e municipais eram muito mal pagos e por isso mesmo tinha que ser reformulada esta política. Sabe, que naquela pregação que o PT fez no final do ano passado, Ver. Dilamar Machado, eu até pensei em certo momento, que quando o PT chegasse ao governo ele realmente iria encontrar as saídas para a grande crise que atravessa o País, e não apenas o nosso Município. Mas, infelizmente bastou o PT chegar ao poder para sua pregação mudar-se por completo. Parece que este PT, não é nem o velho PDS, mas nem de perto o início do governo Alceu Collares, porque vem o Vice-Prefeito Tarso Genro e diz que na Prefeitura Municipal existem 5.000 ociosos, cinco mil servidores que poderiam ser mandados embora. Mas, comete um crime o Vice-Prefeito Tarso Genro porque se ele permite que continuem na Prefeitura Municipal 5.000 servidores que não fazem nada, ociosos, este Vice-Prefeito Municipal, este Prefeito e esta Administração estão cometendo um crime contra a Cidade, porque não podemos permitir que pessoas ociosos que nada tem a fazer continuem recebendo dos cofres públicos. Mas, se não existem cinco mil ociosos, se é mentira o que disse o Vice-Prefeito Tarso Genro, se isto não significa a verdade, aqueles servidores que lá estão, de acordo com aquilo que pregava o próprio PT nas praças públicas, tem que ganhar bem. E o que diz o artigo 55? O artigo 55, que é uma Emenda do então meu Líder naquela época, porque pertencia na época ao PMDB, Ver. Clóvis Brum, dá um incentivo para os técnico-científicos, apenas isso. Mas é um salário básico, não é nada que vá debilitar o erário municipal, não é nada que seja injusto. Porque o que prega o artigo 55, é uma gratificação para que esses técnicos que se encontram atualmente no Município, possam prestar o seu trabalho com todo carinho e possam dar a Porto Alegre as saídas que o PT até agora não conseguiu encontrar. O que nós não podemos admitir, é que ao invés de se remunerar bem os técnico-científicos aqui da nossa Cidade, quando se quer encontrar saídas se busquem técnicos em São Paulo. Porque dizem que os técnicos de lá sabem o que os técnicos daqui não sabem fazer. Foi por isso que quando da intervenção do transporte coletivo, foi preciso buscar em são Paulo técnicos, para dizer àqueles que aqui estão o que deveriam fazer. Quando nós bem sabemos que aqui nós temos os melhores dentro desta área. Mas o PT não os encontrou, foi buscá-los em São Paulo. E quando chega na hora de valorizar o técnico-científico, quando chega na hora de dar uma gratificação, para que os técnico-científicos que aqui estão possam realmente, mercê de uma boa remuneração, encontrarem paz em suas cabeças para poderem trabalhar mais a serviço do Município, nessa hora o PT diz que não. Porque quando o Ver. José Valdir fez a pergunta ao Ver. Artur Zanella, que aqui estava na tribuna, qual foi o Prefeito que vetou, o Ver. José Valdir deveria aduzir as suas razões. Mas mesmo vetado pelo Prefeito Alceu Collares, ex-Prefeito desta Cidade, não poderia, a essa altura dos acontecimentos, o Prefeito Olívio Dutra, atual Prefeito desta Cidade, modificar aquilo que foi interpretação de 1988, então do ex-Prefeito Alceu Collares. Para finalizar, também digo que, quando votamos aqui o ITBI, o IVVC, que foram impostos novos trazidos para o Município, votamos os 3% para o ITBI. Dizíamos, desta tribuna, naquele dia, de que votávamos os 3% para o ITBI para que o Município pudesse ter mais recursos, a fim de poder tratar melhor não só seus servidores, como também fazer os serviços indispensáveis para a Cidade. Mas, ao invés disto, parece que a administração Petista resolve esconder os números reais e, simplesmente, dizer, nas suas razões de veto, que não dá para fazer. Aliás, razões bem simplificadas de uma página apenas onde ele diz que os técnico-científicos não merecem esta gratificação de uma salário básico. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Dilamar Machado.

 

O SR. DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, quando exerci o meu mandato de Deputado Estadual tive a oportunidade e a felicidade de votar e aprovar matéria idêntica beneficiando os técnico-científicos do Estado. Venho hoje, a esta tribuna, para dizer que novamente me sinto como cidadão e como colega municipário, sem interesse direto, porque, embora detentor de um curso superior, não pertenço à categoria dos técnico-científicos do Município, de votar mais uma vez mesma matéria para favorecer os técnico-científicos da municipalidade de Porto Alegre. Quero dizer que também me sinto muito à vontade, porque participando do Governo Alceu Collares, na condição de Diretor-Geral do Departamento Municipal de Habitação e mais propriamente dirigindo um projeto de alto relevo social, que foi o mutirão das vilas populares. Participei, naquele projeto, com dezenas de homens e mulheres nas diversas secretarias e autarquias do Município, particularmente da SMOV e DMLU, DMAE, da Secretaria Municipal da Saúde, da Secretaria do Planejamento, do DEP, DEMHAB, enfim, da máquina administrativa e, naquele ano e meio em que estive dirigindo o DEMHAB pude constatar a capacidade de trabalho, a dedicação dos funcionários detentores de cargos técnico-científicos de nível superior. Mas constatei também, e foi uma luta que nós tivemos dentro da nossa Administração pela falta de recursos, o quanto são mal pagos os funcionários do Município de Porto Alegre. E diria, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que é uma gratificação muito pequena. É muito pouco o que se vai conceder hoje aos técnico-científicos. São frágeis e equivocados os argumentos da época, efetivamente. Nós, aqui, nesta Casa, recebemos hoje a incumbência de votar uma emenda de autoria do nobre Ver. Clóvis Brum, que não é por acaso que está nesta Casa, os homens e mulheres que por aqui passam não chegam aqui por acaso. Aliás, há um ditado popular que diz: “Em política, bobo não vai para frente.”

O Ver. Clóvis Brum teve a competência, a visão de através de uma Lei votada globalmente na Casa inserir no artigo nº 55, concedendo esta gratificação de um salário básico aos técnico-científicos. E vejam V. Exas que quase 20 artigos compõem o Plano de Carreira do Município, concedendo vantagens, gratificações, benefícios, às diversas classes funcionais e apenas uma veio para a guilhotina, apenas a classe dos técnico-científicos. E nós vamos provar, hoje, que a guilhotina do veto vai ser igual aquela da novela das 7 horas, não vai funcionar. É uma guilhotina alemã, na hora, não corta a cabeça.

Não quero me alongar, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, apenas quero comunicar à Casa e aos colegas funcionários aqui presentes que não é só o meu voto, do PDT, que vai derrubar este veto; os onze votos da Bancada do PDT que estão fechados em discussão interna da Bancada serão pela derrubada do veto e pela aprovação do Projeto, pela manutenção da vantagem que consideramos justa, digna, embora muito pequena para os valorosos técnico-científicos do Município de Porto Alegre. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. João Motta.

 

O SR. JOÃO MOTTA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, discutimos, neste dia, uma alternativa para a Administração Municipal de Porto Alegre e funcionalismo, que signifique a síntese que contemple desde os problemas cotidianos que afligem esta Cidade, seus bairros e suas ruas, desde o cotidiano que atinge o funcionalismo nas suas diversas categorias, até a universalidade e o conjunto desta Cidade, composta de mais um milhão de habitantes. Parece-nos indispensável que se faça este debate com esta ressalva inicial, ou seja, no sentido de se perceber que é de dentro deste cotidiano específico que nós vamos ter que trilhar uma cidade e uma Administração para todos, para todos aqueles que habitam, moram, e querem esta Cidade cada vez mais próxima de si. Falou-se aqui do funcionalismo público de Porto Alegre, e falou-se aqui que a atual Administração estava preparando armadilhas para o funcionalismo público Municipal, nessas negociações que, neste momento, estão em andamento. Eu gostaria de colocar que, no meu entendimento, não se trata de armadilha, trata-se, sim, de um esforço redobrado da Administração, no sentido de viabilizar duas reivindicações, dois direitos que são fundamentais, e que nós estamos tentando viabilizar, concretamente, para o funcionalismo, neste momento: a bimestralidade e o reajuste conforme o índice de inflação indicado, de 76,41%. E a forma como está-se encaminhando essa negociação está explícita, hoje, pela imprensa. E essa proposta que hoje está-se negociando com a categoria dos Municipários indica que o Município se compromete em garantir 25% de reajuste em março, 12,28% em junho, antecipando parte para abril, particularmente para aqueles funcionários que ganham menos. Garante a bimestralidade nos meses de maio e junho, conforme a Lei Complementar nº 186, assume, 76,41%, que será viabilizado quando a folha de pagamento atingir 80% da receita. E garante, concluindo, 50% dos 12,28%, agora, para aqueles que têm salários mais baixos. Nos parece que, no essencial, ou seja, na questão da bimestralidade e na questão do índice indicado de 76,41%, não se pode aqui fazer uma acusação, sem admitir que a atual administração está fazendo esforço e se comprometendo com estes direitos dos trabalhadores, justamente conquistados. Se falou e se fala também hoje na questão do Plano de Carreira do Funcionalismo. Nós temos o entendimento de que é impossível trabalharmos a questão do funcionalismo de forma diferenciada, por categoria. Achamos que se trabalha, hoje, a questão do funcionalismo de uma forma conjunta e global e, para isto, nos parece indispensável que o início desta conversa e o início deste entendimento seja garantir, de fato, o reajuste dos funcionários municipais, garantindo, acima de tudo, estes dois direitos: a bimestralidade e reajuste conforme o índice da inflação. Nos parece, portanto, que um tratamento que não observe este critério, ou seja, o critério de se trabalhar globalmente a questão do funcionalismo, poderá acarretar prejuízos e inviabilizar, inclusive, esta própria proposta que hoje o Município se esforça em garantir, da bimestralidade e do índice da inflação de 76,41%. Portanto, precisamos trabalhar esta universalidade que existe e não trabalhar esta questão do funcionalismo por partes ou por categorias. Para dar um dado que o ilustre colega Zanella não colocou: de fato, mudou-se o quadro, aumentaram-se as receitas do Município, aliás de todos os Municípios, por força da Constituição Federal. Mas também é verdade que este aumento de receita pode inviabilizar imediatamente, caso se aprove este direito que os companheiros técnico-científicos reivindicam hoje, justamente, e se nós trabalharmos um procedimento que garanta este direito, mas se prejudicar a receita e, ao mesmo tempo, prejudicar esta proposta que viabiliza um acordo em cima da bimestralidade e o índice de 76,41% para o restante, para o conjunto do funcionalismo. Falou-se aqui que na administração Collares - e isto nas palavras do Ver. Dilamar Machado - se admitia a existência, que permanece ainda um arrocho salarial e queremos apenas dar um dado para concordar com esta afirmativa do ilustre Ver. Dilamar Machado. De fato, a administração Collares é uma das responsáveis por este arrocho salarial e isso o Ver. Dilamar Machado declinou. De janeiro de 1986 a abril de 1988 tivemos um aumento nos índices de preços no Município de Porto Alegre de 1.836% e, naquele mesmo período tivemos um reajuste de salário de apenas 783.9%. Nestes 28 meses, a perda do poder de compra do funcionalismo público municipal foi de 54%. Era necessário portanto, em maio de 1988, um reajuste de 119% e a administração anterior, a administração do ilustre Ver. Dilamar Machado, concedeu apenas um aumento de 30%, imputando e impondo ao funcionalismo municipal uma defasagem de 89%. Portanto, mudou o quadro, de fato o número dos técnicos permanece o mesmo. Se o valor da gratificação permanece o mesmo, temos que reconhecer que mudaram algumas questões, entre as quais esta receita. Mas se a ela se agrega hoje, por exemplo, por força do ITBI, um aumento 8%, tem o mesmo valor esta reivindicação que os companheiros neste momento estão fazendo; portanto, 8% que entra do ITBI são os 8% aproximados que somam esta reivindicação: isto não altera e não aumenta a receita global do Município de Porto Alegre, que conseqüentemente, permanece com os mesmos problemas.

Gostaria de colocar, para concluir, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que a defesa do reajuste do funcionalismo, particularmente da bimestralidade através da Lei Complementar n° 186 e o índice de 76,41% para todo o quadro do Município, deve levar em conta que toda a receita que se acresceu no conjunto da receita do Município de Porto Alegre, deve e é a referência que garante este patamar de negociação que está se estabelecendo hoje com a categoria. Qualquer alteração que aconteça nesta trajetória neste momento, poderá significar a inviabilização e a não-garantia deste direito dos trabalhadores, ou seja, da bimestralidade e do índice de reajuste de 76,41%. Em segundo lugar, há necessidade de se estudar uma alternativa imediata aos técnico-científicos, sem reproduzir tratamentos diferenciados que vêm se prolongando e se repetindo tanto no Município de Porto Alegre como a nível do próprio Governo do Estado, e, ao mesmo tempo, garantir com isto que se estabeleça de fato, desde já, um compromisso político se rever o atual Plano de Carreira e de se garantir esse direito a um tipo de gratificação que não signifique inviabilizar e prejudicar esses direitos que a administração está tentando garantir para o conjunto do funcionalismo.

E para concluir, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, ao se ressaltar que mudou, sim, alguma coisa da época em que o ex-Prefeito Alceu Collares apresentava o veto, e hoje, quando o mesmo PDT é contra o veto, nos parece importante ressaltar que mudou este fato, o de o PT, que antes era governo, ser oposição hoje, mas também nos parece importante ressaltar que não nos parece conseqüente, e esta advertência eu já fiz ontem aqui, na discussão sobre a crise política e institucional vivida pelo País hoje, se fazer e se repetir aqui, nas discussões de projetos, uma oposição de discurso fácil, que não leva em conta este quadro grave de crise que atinge hoje o Município de Porto Alegre, porque isto pode acarretar um aumento de água no moinho do discurso da oposição conservadora. Muito obrigado.

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Mano José.

 

O SR. MANO JOSÉ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, demais presentes, entre eles funcionários municipais, amigos, colegas e pacientes. Viemos a esta tribuna, hoje, colocar o nosso voto, ou seja, o voto da nossa Bancada em aberto, e como sempre, a favor do nosso funcionalismo municipal que desempenha tão bem as suas funções. Neste momento existem alguns partidos, aqui, querendo desvirtuar a ação e a atitude desses mesmos funcionários dentro da Prefeitura. Achamos, o nosso partido conclui, e como sempre tivemos o mesmo pensamento, que o funcionário público é de caráter determinante para o bom funcionamento da Prefeitura, principalmente os nosso técnico-científicos. Nós não podemos aqui desmerecê-los de maneira alguma. E, temos a certeza que vamos conseguir derrubar esse veto mantendo o Projeto na sua íntegra. Vimos aqui, para os que não conhecem ou que não têm o conhecimento ainda perfeito do artigo 55, que foi vetado pelo Prefeito Alceu Collares, e pelo visto está tentando ser mantido, diz o seguinte: “Fica instituída a gratificação por incentivo técnico aos funcionários municipais detentores de cargo privativo de curso superior no valor equivalente a um vencimento básico inicial do seu respectivo cargo.” Seu parágrafo único também vetado: “As disposições deste artigo estendem-se aos funcionários municipais inativos, excluindo-se os funcionários que percebem gratificação de acordo com a lei n° 6.172 de 11.08.1988.” Temos aqui declarações de que a Prefeitura tem utilizado 108% da sua arrecadação, da sua folha, para pagamento do funcionalismo municipal. Nesta tribuna o Líder do nosso Partido que hoje, por questões pessoais não se encontra nesse Plenário, já demonstrou que a Prefeitura tem utilizado não mais que 65% de sua folha para pagamento desses funcionários. Nós, nesta tribuna, neste momento, colocamos aqui a pergunta: onde está o dinheiro municipal? Façamos a pergunta ao PT: onde se encontra o dinheiro arrecadado, que tem sido arrecadado por um órgão centralizado e dividido também pelas autarquias que receberam o seu orçamento no início do ano? Nós não conseguimos entender essa conta em que um mais um são três. Nós do PDS, com a autoridade que temos, pois o nosso Líder foi ex-Prefeito municipal, chegamos a esta conclusão: não se entende. Gostaríamos que, quem sabe, também os funcionários municipais, também os detentores de cargo privativo de curso superior, pudessem nos dar algum esclarecimento, porque a Bancada do PT até o momento só nos diz que é 108%, 107%, é isso que tem gasto com o funcionalismo. E não conseguimos achar aonde se encontra, porque fazemos os cálculos com toda a nossa assessoria, que já pertencia ao Governo João Antonio Dib, chegamos à conclusão que não ultrapassa os 65% e esses dados nós recebemos por escrito do Sr. Prefeito Municipal, não conseguimos entender. Sinceramente ficam 35% aí no ar, desaparecidos, sumidos que não conseguimos encontrar, Ver. Adroaldo Corrêa, e ficamo-nos perguntando, a partir do momento em que o nobre colega Vereador, coloca que a Prefeitura ao atingir os seus 80% gastos com a folha de pagamento, mais uma vez nos perguntamos que 80% é esse, se hoje já não são gastos 65%? Então, gostaríamos de saber, para concluir o raciocínio, também gostaríamos de colocar o seguinte: nós achamos que sem dúvida o aumento do funcionalismo é justo, que esta gratificação dos técnico-científicos é muito justa, desempenham uma tarefa primorial dentro da Prefeitura e, se estamos esperando que a folha atinja 80% com o funcionalismo, sabe-se hoje que não conseguimos atingir 65, deve ser o mesmo raciocínio que está sendo feito com a saúde do municipário, deve ser mais ou menos o mesmo raciocínio: esperar o único órgão que presta assistência ao funcionalismo, a Associação dos Funcionários Municipais, quebrar para depois, se o funcionalismo adoecer, deixar morrer. Deve ser mais ou menos este raciocínio, porque por enquanto, se está com fome, deixa emagrecer, deixa adoecer, porque “não temos como dar gratificação mesmo dentro do orçamento”. Nós estão estamos aqui observando, falando nesta tribuna e até o momento não temos explicações decentes que venham a nos demonstrar que um mais um são dois, e não três. Outra coisa que gostaríamos muito de saber é a respeito do ITBI. Temos a partir de agora o recolhimento do ITBI, do IVVC e mais uma vez se diz que não podemos dar o incentivo a 1.090 funcionários!? Pelo amor de Deus, acho que a Prefeitura não se encontra em tão más condições assim, pelo menos em nossos cálculos, feitos por pessoas idôneas, que nos assessoram, e nós só podemos concluir que aí está havendo uma injustiça com estes técnico-científicos. Temos também os funcionários de autarquias recebendo o mesmo incentivo que os procuradores recebem, e, no entanto, nós estamos falando aqui em justiça. Achamos que é mais do que justo, aquele que desempenha uma função de curso superior, receba por curso superior, ou então vamos inverter este País de cabeça para baixo, e digamos assim: quem tiver curso superior, não recebe nada, assim como aqueles que não o possuem. Quer dizer que quem fez uma faculdade de quatro anos, cinco ou seis anos, dedicou 20 anos de sua vida para o estudo, aqui não vale mais nada? Nesta tribuna, nesta nova administração, da Frente Popular não deve valer nada, não é? Então nós perguntamos mais uma vez, qual a grande diferença que 280 cruzados vão fazer para 1.090 funcionários dentro da folha da Prefeitura. Temos agora o IVVC, o ITBI e, gostaríamos de saber o seguinte: o transporte está totalmente, vamos usar uma expressão bastante rude, “degringolado”, o funcionalismo pedindo o seu incentivo, teremos em seguida o aumento do funcionalismo, as questões da saúde do municipário, as questões do Pronto Socorro Municipal, as questões dos Postos de Saúde de Porto Alegre e, assim inúmeros problemas dentro da nossa Cidade. Tanto nós Vereadores como os funcionários municipais, como os nossos nobres colegas Vereadores, temos assistido ao nosso Prefeito viajando a São Paulo, preocupado com a campanha Lula-Presidente. Ou nós colocamos responsabilidade nesta administração, ou desistimos, largamos, porque nem eu, nem os Srs. Vereadores, nem vocês, nobres funcionários, pediram para que o nosso Prefeito Olívio Dutra se candidatasse a Prefeito, se o fez e ganhou, que assuma a sua posição de Prefeito, não deixe a Cidade “decapitada” como se encontra, porque o nosso Líder maior é Olívio Dutra. Ou ele assume Porto Alegre, assume os funcionários, ou larga de mão e vamos escolher um novo Presidente. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa adverte que caso a assistência continue insistindo em promover manifestações, quer palmas, quer apupos, ela será obrigada a suspender os trabalhos.

 

O Sr. Adroaldo Corrêa: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Só quero perguntar a V. Exª se está ciente de que sua Bancada, como as demais da Casa, aprovou a vinda, amanhã, do Secretário da Fazenda João Acir Verle para responder, entre outras, a algumas das perguntas que V. Exª faz.

 

O SR. MANO JOSÉ: Sem dúvida que sabemos.

 

O Sr. Décio Schauren: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) A Administração Popular está fazendo um enorme esforço para conceder o maior reajuste que o orçamento permite. Quanto ao dado que V. Exª contesta e diz que é 65% do orçamento apenas...

 

O SR. MANO JOSÉ: Não é bem 65%, é menos.

 

O Sr. Décio Schauren: O dado que V. Exª coloca, não consegue provar, inclusive eu já disse desta tribuna que a Secretaria da Fazenda está com os livros abertos a qualquer Vereador que deseje ir lá conferir os dados. Eu acho que V. Exª não fez isso exatamente porque não vai conseguir provar isso. A imprensa já foi lá e ficou constatado que efetivamente a administração está gastando mais do que o total do orçamento na folha de pagamento. Não vamos pedir o impossível. Uma coisa é fazer todo esforço para conceder o máximo de reajuste, porque entendemos isso justo, outra coisa é a realidade das finanças do Município.

 

O SR. MANO JOSÉ: Vereador, creio que nós não temos nada a ver com a administração da Secretaria da Fazenda, a qual não está conseguindo fechar os seus livros de acordo.

 

O Sr. Edi Morelli: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) V. Exª falou sobre saúde. Só quero colocar que no Hospital Pronto Socorro os corredores continuam sendo lavados com água pura, porque não tem detergente nem bombril para limpar nada. Não sei onde está indo esse dinheiro da Prefeitura.

 

O SR. MANO JOSÉ: Não muito diferente dos corredores e quartos do Hospital Porto Alegre. Sou grato.

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O próximo inscrito é o Ver. Vicente Dutra.

 

O SR. VICENTE DUTRA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, a Bancada do PDS já argumentou, e o fez com brilho na pessoa do Ver. Mano José, no entanto, gostaria de acrescentar mais um detalhe ao argumento desenvolvido por S. Exª aqui da tribuna e não gostaria de me deter em filigranas da questão que está sendo discutida hoje, aqui. Apenas o detalhe da coerência preocupa este Vereador. Os dois Partidos diretamente envolvidos neste Veto, o PDT e o PT, desenvolveram suas campanhas eleitorais, ou seja, a campanha de Alceu Collares e a campanha de Olívio Dutra à Prefeitura de Porto Alegre, em grande parte, calcados no chamamento, estendendo a mão ao funcionário municipal. Ora, a campanha de Alceu Collares a vivi, senti na pele diretamente porque era Diretor do DMLU. Muitos colegas, funcionários, até não me cumprimentavam nos corredores porque já estavam em reuniões com o Sr. Alceu Collares, envolvidos em promessas mil para que aderissem à campanha, e muitos se encantaram, foram na conversa e o que se viu, depois, foi a volta às costas ao funcionalismo. Essa que é a verdade.

 

O Sr. Dilamar Machado: Não é verdade!

 

O SR. VICENTE DUTRA: É verdade e aqui vejo muitos colegas que têm a coragem de reconhecer isso, hoje. Ainda nesta semana, em meu gabinete, recebi a visita de três colegas que vieram com lágrimas nos olhos me dizer que estavam arrependidos daquelas atitudes tomadas anteriormente. Não movi nada, absolutamente uma palha, tentando demover essa situação. Claro que fiz a campanha de Victor Faccioni, na ocasião, que era o candidato do meu Partido. A falta de coerência desses dois Partidos faz com que hoje, numa volta, numa mão à palmatória, pode se dizer, venham votar favoravelmente, e tenho certeza e vocês podem ficar tranqüilos que o PDT, em massa, haverá de votar favoravelmente isso aí.

O PT, por sua vez, não sei se os Senhores sabem, na terça-feira, no dia 14 de março, no dia da greve, convocou as Lideranças do Partido ao gabinete do Prefeito. Ora, era o dia da greve, o primeiro dia da greve, uma terça-feira à tarde, as Lideranças foram e antes de chegarem ao gabinete estavam certos de que S. Exª o Sr. Prefeito Municipal Olívio Dutra iria anunciar um aumento, parecia, naquele dia, de 80%. Se a CUT, que é o braço sindical do PT, reivindicava 76% em todo o Brasil, como poderia o Sr. Prefeito Municipal oferecer menos do que 76% aos funcionários municipais? E, pasmem os Senhores, sentados ali no gabinete, S. Exª, na maior cara-de-pau já vista nesta Porto Alegre, oferece 20% dizendo que era o máximo que poderia atender naquela ocasião. Na terça-feira da greve, companheiros, isso aconteceu em Porto Alegre e se os Senhores não sabem, fiquem sabendo.

Quer dizer, é uma contradição em cima de outra contradição. Mas, tenho certeza de que o PT revisará no decorrer do tempo as suas posições e voltará à coerência original, e não tem outra saída, voltará, neste assunto não, porque aqui eu tenho certeza que eles votarão contra, mas no aumento dos funcionários deverá oferecer um aumento bem maior do que essa miséria que está sendo oferecida de 25% mais 12% para pagar não sei quando. Quando agitaram o Brasil inteiro, pararam o Brasil por 2 dias pedindo 76% para a União, para os Estados e para o resto dos Municípios do Brasil, menos o Município de Porto Alegre, porque este é diferente. Este não pode, este é pobre, este tem uma série de razões. Ora, muito mais razões teria o Governo da União de negar apoio porque este tem uma dívida de 120 bilhões de dólares. Só para argumentar. Então, muito mais razões teria o Brasil para negar. Não interessa quem fez, interessa que a argumentação do PT durante a campanha, ela é demagógica, ela trabalha em cima do trabalhador, oferece mundo e fundos, chama de companheiros, e continua chamando e na hora da verdade é o que nós vimos hoje aqui em Plenário.

Nós do PDS, como sempre fizemos, vamos votar favorável ao funcionário, até porque, no Município de Porto Alegre não tem marajás. Não há funcionários ganhando exageradamente bem e, o PT, deveria na verdade, ao invés de encaminhar este Veto apresentado pelo Governo passado, do Prefeito Alceu Collares, deveria, isto sim, não vetar e além disto oferecer dois salários, em vez de pedir o veto de um. Esta que deveria ser a sua coerência. O PDS vota favorável como sempre o fez. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O próximo orador inscrito é o Ver. Cyro Martini.

 

O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, meus Senhores, minhas Senhoras, na qualidade de funcionário público estadual, quando se trata de matéria que diz respeito ao servidor público nós não poderíamos deixar de comparecer a esta tribuna para dizer da nossa posição. Sempre o nosso combate nas lides reivindicatórias da função pública lutamos antes de tudo e sobretudo pela valorização da função pública e pela valorização do funcionário público. Então, tudo aquilo que disser respeito, tudo aquilo que concernir ao funcionário público, ao servidor público, de modo a valorizá-lo, a elevá-lo à altura da sua dignidade, encontrará respaldo e apoio na nossa posição e no nosso voto.

Quando vem a esta Casa o Proc. n° 2474/88, Projeto de Lei nº 141/88, relativo ao Plano de Carreira dos Funcionários da Administração Centralizada do Município, onde há veto à totalidade do art. 55 e seu parágrafo único, a nossa posição é contra o Veto e não interessa quem tenha exercido o poder de veto. Porque, na qualidade de servidor público, muito me importa e interessa a valorização daqueles aos quais parcela significativa represento nesta Casa. Lutamos pela rejeição e derrubada do Veto. Somos a favor do servidor público, e uma parcela que para nós não tem a significação, a expressão pretendida por aqueles que hoje querem preservar o veto por uma parcela, repito, insignificante, lutam pela derrubada dela e nós somos contra, totalmente contra isto, somos pela preservação do incentivo, pela gratificação de incentivo aos funcionários de cargo, no caso, detentores de curso superior.

Percorrendo a lista de vencimentos dos servidores do Município, desde os mais humildes até aqueles que detêm as maiores responsabilidades na função pública do Município, nós ficamos estupefados, ficamos surpresos, negativamente, porque vemos um quadro lastimável onde o padrão menor, o salário menor é um salário de fome, um salário de miséria. E contra isto, nós que somos representantes do povo por um lado, e por outro pertencemos aos quadros do funcionalismo público, não podemos aceitar, nós temos que nos impor, temos que lutar, temos que bradar em favor dos servidores públicos. Não adianta aqueles que reprocham, que debocham, que criticam o funcionário público, apenas ficar nesta posição, eles tem que encontrar soluções, mediante as quais se valorize o servidor público, se encontra soluções, para que os casos de deboche não tenham guarida, não tenham apoio de quem quer que seja, e nós aqui, estaremos de guarda, vigilantes, para que o Poder Público dê aos seus servidores um salário condizente com a dignidade, com a responsabilidade que ele detém.

Por isso estamos assumindo esta tribuna pela valorização do funcionário público, pela valorização da função pública, ademais, estamos hoje tomando uma posição de coerência, relativamente, ao nosso posicionamento a respeito do aumento, como costumam chamar aqueles que governam, mas nós, que somos sofredores dos reajustes, chamamos devidamente de reajustamento, de reposição. Quando nós dizíamos e, hoje enfatizamos, que para salvaguardar o artigo 95 do Plano de Carreira do Município deve ser dada uma reposição salarial, desde já, de ordem de 76,41%, que é o índice inflacionário relativo aos meses de janeiro e fevereiro do corrente ano, quando nós sabemos que os cofres públicos tomam recursos, através do Imposto de Circulação de Mercadorias e, no caso agora, através do IVVC e em seguida, através do ITBI e, através de um recurso usado e empregado pelo governo atual do Município, antecipando recursos do IPTU, vemos que certamente o Poder Público municipal, o órgão executivo do Município tem condições de resgatar esse compromisso assumido com o funcionalismo municipal. E oferece 25% a partir de março e mais 12,28% a partir de junho, está quebrando a regra prescrita pelo referido artigo 95 do Plano de Carreira e de outra parte está dando uma rasteira rápida no mesmo artigo no que tange a bimestralidade, afastando-o. Esse princípio da bimestralidade é sagrado não só para os municipários, mas também o é para o funcionalismo estadual. Portanto, temos dois grandes motivos para lutar pela preservação desse princípio, não só no âmbito municipal, mas também no âmbito estadual. A valorização da função e do funcionário tem que começar por um salário digno. Não há outra modalidade que não começar por aí. Ficar reclamando que quadros significativos da função pública abandonam-na por causa de salários irrisórios não é uma atitude coerente com aquela que deve ser aquele que detém o Poder Público, aquele que tem o comando na mão. A posição coerente, firme e decidida deveria começar por um salário a altura da responsabilidade, a altura da dignidade do cargo.

De outra parte, quando nós examinamos matéria equivalente a esta no que tange ao quadro do magistério também fomos pela derrubada do veto, porque entendemos que o quadro do magistério deve receber também esta gratificação. Todos os funcionários devem ser reconhecidos nas suas diversas atividades.

Para encerrar, é evidente que os quadros de nível superior fazem jus a um salário signo e esta gratificação ainda não concede salário justo, tangencia muito de longe, mas é uma maneira de nós daqui da Câmara podermos emprestar a nossa colaboração, manifestarmos a nossa solidariedade em favor do funcionalismo municipal. Mas, de outra parte, eu quero dizer com clareza, também, que me preocupa o vencimento do funcionalismo de nível médio e de nível inferior. Sem dúvida, a preocupação, hoje, é com a gratificação para os detentores de nível superior. Mas, certamente, nós estaremos aqui atentos em favor de todo o funcionalismo para que a dignificação da função pública comece desde o mais humilde servidor até o servidor mais expressivo da municipalidade. Muito obrigado.

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga): Com a palavra, o Ver. Clóvis Brum.

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, atendendo a uma reivindicação de funcionários detentores de curso superior em cargos privativos desta formação, vim por bem, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, apresentar uma Emenda ao Plano Classificado de Cargos, objetivando aplicar no Município o que já se aplica no Estado. Não tinha e nem tem este Vereador a intenção de trazer uma coisa nova. Já existe, o Estado paga a gratificação de incentivo tecnológico. Portanto, nada mais justo que o Município pagar essa gratificação. Aliás, naqueles momentos de sucesso, e naqueles momentos de insucesso, eu incluo entre os meus momentos de insucesso a votação que se fez nesta Casa de uma votação de uma gratificação de dois e meio salários-básicos para os Procuradores do Município. Eu assumi, quando encaminhei a Emenda, a minha culpa; assumi-a na discussão do Projeto e a assumo agora: eu votei pela gratificação. Sequer imaginava eu que essa gratificação, de dois e meio para os Procuradores, fosse além daqueles da Procuradoria Geral no Município. Mas pasmem V. Exas: um advogado no DMAE, com três anos de Casa, ganha mais que um engenheiro com 20 anos de Casa. Apesar de ser advogado, eu não tenho nada contra os advogados, mas eu acho que é uma injustiça muito grande, tanto que continua sendo. E vejam V. Exas que eu também apresentei, na oportunidade em que apresentei o art. 55, uma Emenda para retirar este privilégio dos Procuradores e deixar apenas um salário para todos. Infelizmente, a minha proposta, evidentemente, não foi aceita, mas conseguimos a aprovação da Casa nessa proposta de apenas um salário básico. Ora, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a Corsan estava levando os nossos técnicos, porque a remuneração no Estado era bem mais acima do que a do Município. Eu não posso acreditar que a Prefeitura de Porto Alegre, nas dimensões, na complexidade e no envolvimento dos problemas que cercam esta administração, possa, de sã consciência, a administração popular, prescindir da mão de obra altamente especializada dos seus quadros técnicos. Acredito, Sr. Presidente, que, nesta tarde, até o PT vai se somar na manutenção do projeto e contra o Veto. Não posso acreditar que o PT vá fazer milagre, administrar uma cidade sem usar os seus técnicos, sem reconhecer o trabalhos dos seus técnicos, mal pagos, sim, mal pagos! A iniciativa privada paga quatro, cinco ou dez vezes mais. Há executivos ganhando dez vezes mais do que ganha qualquer engenheiro da Prefeitura, ou qualquer Arquiteto, ou qualquer Administrador. Ora, Sr. Presidente, negar um salário básico a este aglomerado de homens e mulheres que estão se dedicando diuturnamente às atividades do Município, que se prepararam para esta atividade, negar isto significa que alguma coisa está errada. Eu tenho certeza, pela voz da experiência do experiente Ver. Dilamar Machado, transmitida ao Plenário, que todo o PDT acompanha o Projeto e votará contra o Veto. O PMDB também acompanha o Projeto e vota contra o Veto. O PTB, já encaminhado através da brilhante liderança do Ver. Luiz Braz, também tem a mesma posição. O PDS também. PFL também a mesma posição, e hoje representado por dois Vereadores. Ainda não tive a oportunidade de ouvir a manifestação do PL, mas me parece que só o PT deverá se pronunciar contra o Projeto e pela manutenção do Veto. E quero dizer mais, e quero dizer com toda a sinceridade, com toda a simplicidade, que eu estou até fazendo um juízo de valores precipitado, porque não posso dizer que o PT vai votar contra os funcionários. Poderá algum Vereador do PT até votar contra os funcionários, mas o Ver. José Valdir, professor, grevista, funcionário público, este não vai votar contra o funcionário. Eu o vi em muitas greves de funcionários; este não vota contra funcionários. Ora, onde é que estamos? E tantos outros Vereadores que vi em greve do funcionalismo. Não irão votar contra não. O Ver. Heriberto Back, um sustentáculo dos funcionários municipais dentro do PT. Este homem vota com os funcionários.

Ora, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o discurso não pode ser mudado tão radicalmente. Ainda lembro as memoráveis caminhadas e as memoráveis lutas que os funcionários municipais realizaram ao lado PT, na busca de melhores salários. Isto faz o quê? Não faz meia dúzia de meses. Não pode, não concebo e não consigo acalentar a idéia de que o discurso do PT na campanha eleitoral esteja tão distante do palácio de Olívio Dutra ou de sua Bancada nesta Casa. Mas, ainda creio, Sr. Presidente, na competência, na experiência e maturidade política da liderança do PT que haverá de reconduzir nesta tarde a votação da sua Bancada, a recondução da votação da sua Bancada em torno dos funcionários. Nunca - e isso deve ser registrado nos Anais -, nunca o PT foi contra o funcionário público, pelo menos eu não sei, não tenho conhecimento, pois afirmo aquilo que tenho conhecimento. Aliás, muitos dos Vereadores do PT se elegeram no meio dos funcionários públicos, ou nos funcionários públicos federais, como é o caso do Vereador do PT ali, outro o Professor da Santa Rosa, enfim, o Ver. Alvarenga. Mas então realmente a Bancada do PT é representativa nesta Casa, representa os funcionários públicos. Agora, chega o momento em que nós temos que dizer quem é quem, na hora do voto. Não vai quebrar a Prefeitura este salário de miséria. Eu nunca vi Prefeitura quebrar. Vocês já viram alguma Prefeitura ser entregue a alguma iniciativa privada porque faliu? Nunca vi. Não tem na História, no mundo não existe isto. Agora, dizer que a Prefeitura de Porto Alegre vai quebrar porque está pagando, está fazendo justiça aos seus funcionários preparados, que se esforçaram para melhor prestar um serviço técnico à causa pública da Cidade.

Sr. Presidente, finalmente, espero que o Projeto que não é meu, mas que é da Câmara de Porto Alegre - porque a partir do momento em que o Projeto é aprovado pelo Plenário, ele deixa de pertencer a um vereador e passa a pertencer a todo um colégio que compõe a Casa, até o PT, porque eu devo ter levado, e não quero cometer uma injustiça, um voto nesta Emenda daquele laborioso Vereador do PT, Ver. Antonio Hohlfeldt, devo ter levado um voto daquele Vereador. Eu não quero cometer um equívoco, mas 99% eu posso afirmar - e até vou pedir para a Casa informar-me com clareza -, que devo ter levado um voto do Ver. Antonio Hohlfeldt. Era um autêntico representante dos trabalhadores municipais. Até se compreende que alguns votos do PT, a posição, mas eu tenho certeza que desta Bancada representativa dos funcionários públicos vai sair voto para os seus companheiros de luta. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Nelson Castan.

 

O SR. NELSON CASTAN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu entendo que esteja em curso um processo progressivo, acelerado de deterioração nas relações do Poder Executivo Municipal com esta Casa, com os Vereadores que compõem a Câmara Municipal de Porto Alegre. Muitos episódios têm ocorrido e aí as coisas não podem passar em brancas nuvens, não podem transitar em julgado sem que esclareçamos, denunciemos para que todo esse grupo de Vereadores esteja perfeitamente consciente desse Processo que está em curso. Só para citar rapidamente nós fizemos ao Presidente da Casa um pedido de convocação do Secretário Municipal dos Transportes, há mais de 20 dias e até agora o Sr. Antonio Hohlfeldt, Vereador, não nos deu o prazer, a gentileza de agendar conosco a data, a hora da sua visita nesta Casa. A correspondência foi entregue em mãos ao Secretário Municipal dos Transportes. Eu considero isto um desrespeito não só com as Bancadas de oposição mas também com o pessoal do próprio Partido da situação, o PT. Os Pedidos de Informações que os Vereadores estão encaminhando ao Executivo estão demorando mais de 20 dias que é o que prevê a Legislação, isto é uma outra forma de desrespeito ao trabalho dos Vereadores. E por último aquilo que eu considero, aquilo que eu considero o maior desrespeito, a maior agressão com os 33 Vereadores desta Casa, é o tratamento que o Executivo Municipal está dando à questão do funcionalismo. Isto para mim é absolutamente incompreensível que uma política de pessoal como esta que está sendo feita pelo PT, venha exatamente do PT. É incompreensível por uma série de razões, nós recebemos aqui o Projeto de reajuste do funcionalismo de 20%, esse Projeto mal começou a tramitar e foi retirado, em troca nada foi oferecido. Embasava esse Projeto dados, números calculados, projeções feitas pela Secretaria Municipal da Fazenda em que nós identificamos de imediato várias incoerências, várias distorções. Primeiro a questão do tratamento da Administração Descentralizada, não há ali coerência, são utilizados dois pesos e duas medidas, enquanto que se incluíam os salários do pessoal da descentralizada, não se incluíam as receitas. Ora, isso é uma manipulação. Por outro lado, as projeções que contém aquela planilha estão nitidamente subestimadas, ou seja, estimadas a menor, fazendo crer que a receita do Município é menor do que realmente ela é, porque agora o Município terá a sua disposição o IVVC, o ITBI como já foi dito aqui por Vereadores desta tribuna, mas o mais importante do que isto, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, mais importante será o acréscimo da arrecadação estadual, o novo importo, o ICMS, que não só aumenta significativamente o volume de tributos arrecadados pela receita estadual como também aumentou a participação de 20% para 25% do cociente, da proporção destes recursos que são canalizados aos tesouros municipais do Estado do Rio Grande do Sul de todas as cidades, inclusive de Porto Alegre. Então, aquele Projeto de Lei de 20%, eu considero um acinte pelo simples percentual que foi ali proposto, e também considero um desrespeito pelas informações precárias e incoerentes que constavam da justificativa do Projeto. Eu acho que nunca é demais lembrar, nunca é demais repetir o que prevê a lei aprovada por esta Casa e por isso que eu dizia antes que eu considero a política de pessoal da Prefeitura um desrespeito a esta Casa, porque esta Casa aprovou uma lei, e esta lei deve ser cumprida, cumprida nos termos em que ela foi votada e aprovada. No art. 95, da Lei n° 6.309, de dezembro do ano passado, está dito aqui: “os efeitos pecuniários relativos à aplicação da presente lei serão feitos com a atualização automática - está aqui a palavra: automática - resultante do acréscimo ao respectivo valor dos índices oficiais da inflação”. Está escrito aqui, na Lei. Essa Lei é auto-aplicável, não precisa de Projeto de Lei. É simplesmente o Sr. Prefeito escolher o índice oficial - e existem, no mínimo, dois, que são o INPC e o IPC, que dão percentuais oficiais, calculados pela Fundação Getúlio Vargas - para o reajuste do funcionalismo municipal. Está aqui, no Projeto, previsto. Por isso, eu considero que essa atitude de mandar um Projeto de 20%, depois, retirá-lo, deixar o tempo decorrer e apresentar ao funcionalismo uma situação de fato: “Olha, não deu, não chegamos a um acordo. As negociações com o SINPA não nos levaram a um ponto em comum e não pagaremos o reajuste previsto em Lei agora, no final deste mês.” Nós sabemos que a folha está pronta e já é uma realidade que o funcionalismo municipal vai receber o mês de março sem o reajuste previsto na Lei que o Prefeito tem obrigação de cumprir.

Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós queremos manifestar, então, a V. Exª Sr. Presidente, à Mesa Diretora, a nossa preocupação no sentido de que esta Casa lute, mantenha, vá até o fim pelas suas prerrogativas, pela consideração e pelo respeito que deve merecer do Poder Executivo. Nós já dissemos desta tribuna que o choro da nova administração é legítimo, agora, esse choro tem um tempo, ninguém pode ficar chorando por muito tempo e eu acho que para o funcionalismo esse choro já acabou. Ninguém mais, muito menos os funcionários municipais, se sensibiliza com declarações de que a Prefeitura não tem recursos, sabendo que pelo menos as informações a nós encaminhadas deixam muito a desejar. Quero dizer, com relação ao Veto que será apreciado, que a posição da Bancada do PDT já está por demais sabida, a minha posição pessoal já consta do Relatório do Parecer da Comissão de Urbanismo, Transporte e Habitação, da qual sou Presidente, e é pela rejeição do Veto. Fazemos um apelo à Bancada situacionista para que seja sensível a essa série de argumentos e, que num espírito de colaboração, num espírito construtivo, ajudem o Prefeito a bem administrar, a bem conduzir os destinos da nossa cidade de Porto Alegre. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Airto Ferronato.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, meus colegas funcionários públicos, voto sim ao Projeto e voto contra o Veto do Sr. Prefeito Municipal. Sou funcionário público há mais de 15 anos e, de assunto salarial, tenho profundo conhecimento porque sofremos na carne os nefastos reflexos da gradativa e continuada redução do vencimento do servidor público. Toda a vez que se concede ou que se pretende conceder vantagens ao servidor público, e nem tanta vantagem assim, apenas uma recuperação daquilo que se vêm perdendo, nós ouvimos exposições atentas de iluminados técnicos que buscam sempre o orçamento. Tive o prazer de lecionar, por muito tempo, na Escola de Administração Fazendária do Ministério da Fazenda, administração fazendária e financeira e tenho a honra de ser o Presidente da Comissão de Finanças e Orçamento desta Casa e toda a vez - repito - que se fala em alguma coisa ao servidor público o primeiro documento e único documento que pegamos é o Orçamento, quer estadual, quer federal e quer municipal. Sejamos justos. Pegamos o Orçamento e começamos a tirar dele algumas observações, números precisos que até nos surpreendem, se com algum reajuste aquém e muito aquém da reposição da inflação nós chegamos a 107% do Orçamento, eu não acredito nisto. Eu deverei deixar uma pergunta no ar: Será que a culpa é do servidor público? Não é! Será que apenas e tão somente o servidor público deve contribuir para minimizar os reflexos inflacionários deste País? Também não! Sou favorável ao Projeto também porque existem gratificações de mesmo teor e, como já foi dito, a nível federal, a nível estadual e inclusive a nível municipal; e gratificações também, como já foi dito, superior a esta gratificação que hoje se pretende conceder.

Sou favorável, portanto, para que se restabeleça a justiça. Para que se busque a eqüidade funcional prevista inclusive na Constituição Federal, art. 39 § 1º.

Voto favorável também porque o servidor público - eu o sei muito bem - também é trabalhador deste País, deste Estado e é trabalhador sim deste Município. Também é trabalhador como o é o metalúrgico, como o é o bancário, o comerciário e as demais categorias de trabalhadores.

Eu lembro, também, quando candidato a Vereador, nós participávamos com alguma freqüência em debates, a convite de escolas, de associações e assim por diante. Me lembro como era duro enfrentar um debate com o PT. Por quê? Porque a todos os questionamentos que nos faziam, nós, por dever, apresentávamos uma solução, uma proposta e aquela proposta, como é normal e natural em todos os debates que se faz, agrada a uns e desagrada a muitos e o PT, me lembro muito bem, todas as propostas que se faziam, falavam brilhantemente bem e por final diziam o seguinte: “Nós consultaremos as bases”. E, isso era um pepino, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, terrível, por quê? Porque era uma promessa que agradava a gregos e agradava muito bem a troianos e nós ficávamos no meio, perdendo votos.

A minha pergunta: Será que foi feita uma consulta ao funcionário público a respeito desse tema? Pelo que se vê, não.

Para finalizar, diria também, que voto favorável ao Projeto para auxiliar a Administração da Frente Popular, para ver implantadas as idéias brilhantes e ferrenhamente defendidas pelo PT quando oposição. Obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Adroaldo Corrêa.

 

O SR. ADROALDO CORRÊA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Senhores e Senhoras funcionários do Município, demais presentes. Neste momento o Partido dos Trabalhadores e nós, especificamente, temos a dizer que algumas das palavras que aqui foram colocadas de que nós somos contra o funcionalismo e suas reivindicações, que consideramos ocioso o funcionalismo do ponto de vista das necessidades do Município, que ainda mantém muitos contratos com terceiros, que, eventualmente, rompidos, demandariam muito mais servidores nesta Cidade. Estas palavras não são verdadeiras e não dizem respeito ao que o PT e a Frente Popular têm defendido. Em segundo lugar, gostaríamos de frisar que esta situação existente, hoje, nesta Cidade, não é uma situação criada em três meses, é uma situação constituída ao longo de um período de 21 anos de ditadura militar, que alguns dos que subiram nesta tribuna sustentaram com política de arrocho salarial, reconhecidamente aceitas pelos Prefeitos da ditadura militar e que nos últimos três anos foi aprofundada pelos Vereadores da Bancada do PDT que aqui estiveram defendendo a derrubada de um veto aposto a um projeto, pelo Prefeito do seu partido, o Prefeito Alceu de Deus Collares.

Isto não é uma situação de três meses, no entanto, e me reporto, especificamente aos servidores, esta situação merece uma análise mais abrangente, não apenas da categoria dos técnicos, valorosa, como todos nós reconhecemos, porque somos trabalhadores. Mas, merece uma análise mais ampla, porque a situação de cerco que foi proposta para a Administração Municipal a partir do resultado eleitoral está evidente no conjunto do Orçamento gasto com a folha de pagamento do mês de janeiro. Não é a folha de novembro, nem a folha de dezembro. O reajuste foi aprovado para ser executado, e a nova política salarial através do Plano de Carreira é paga pela Frente Popular, no exercício da Administração. Porém, é um compromisso nosso, que nós estamos negociando. Estamos fazendo o debate, acatando as reivindicações e impondo neste momento, não uma política nossa, mas a política da realidade do Município construída nestes períodos citados anteriormente.

Nós teremos sim, com sinceridade, amanhã, a explicação dentro do limite de quem entende, - e é Secretário da Fazenda por isso -, do Secretário Municipal da Fazenda nesta Casa, proposta por nós da Bancada do Partido dos Trabalhadores, para que venha aqui fazer a prestação de contas da realidade orçamentária do Município. O Líder do PDS já subiu por duas vezes a esta tribuna com a sua respeitável posição de ter sido Prefeito durante o regime militar, aprovado que seja pela assembléia, para dizer que o orçamento nas suas parcelas mensais prevê que é possível, e disse isso, que hoje o gasto com a folha esteja apenas em 65%. Um orçamento a realizar. Não se sabe. Vocês constroem também, alguns de vocês, a receita do Município, vocês arrecadam, vocês contabilizam um orçamento a realizar em cotas partes, em doze vezes ao ano, mês a mês, pode sim determinar 65%. Mas um orçamento realizado, como foi verificado, e superestimado na proposta orçamentária em algumas alíquotas e receitas, este não condiz com a verdade que será demonstrada aqui amanhã e vem sendo repetida pelo Secretário da Fazenda com a legitimidade de indicação que foi para a Secretaria da Fazenda deste Município. Poderá ser contestado. Poderá haver uma versão diferenciada e nos dobraremos a ela. Se a receita for encontrada, nós temos os livros abertos e não é engodo, não nos furtamos a negociar com a categoria dos servidores, estamos alinhavando proposta alternativa à realidade de 20% que não era a realidade que os trabalhadores queriam, porque foram à greve por 76% e reconhecemos isto. Collares não aceitou negociar sequer os índices oficiais e por isso vocês trabalhadores do Município foram à greve. Foi por isso que foi, não foi porque o PT encaminhou. A greve foi liderada e defendida pelos trabalhadores. Esta é uma questão fundamental a ser colhida por nós, defendida e observada por nós. Mudou alguma realidade sim do ano passado para este ano: a Prefeitura está proposta num ponto de vista de organizar a defesa da Cidade, do ponto de vista das maiorias e os trabalhadores, servidores públicos, estão nestas maiorias. E isto é provável de ser feito na gestão, mas não em três meses, em que esta Casa impôs um cerco à Prefeitura Municipal na Administração de Olívio Dutra, porque fez um orçamento com um Plano de Carreira que é impagável no trimestre, superestimando receitas e sub-avaliando as despesas com a proposta de pagamento da folha. Isto tem que ficar na consciência de vocês. Não estamos votando contra os servidores. Nós não estamos votando é contra a Cidade, é isto que tem que ficar esclarecido, porque a Cidade, e os servidores, todos sabem, temos familiares nos bairros e nas vilas, moramos nos bairros e nas vilas, hoje está cercada pelo poder econômico-financeiro daqueles que impuseram o cerco para o governo e suas propostas. Hoje a contradição está explícita, Alceu de Deus Collares apôs o Veto com as razões aqui contidas, que já foram explicitadas pelos que me antecederam; propôs que o veto fosse aceito, porque extrapolaria a Receita, rebentaria numa sucessão de acumulações nas outras repartições deste Município. E ele escreveu isso, e assinou isso, e os seus defensores agora dizem que é mentira. Isto é uma contradição, é uma campanha eleitoral em cima de vocês, servidores municipais. É campanha eleitoral para a Presidência da República. A questão que está presente é governar a Cidade ou pagar a folha. O que nós temos que fazer é pagar a folha e governar a Cidade e isto está sendo proposto agora. E os senhores têm presente na consciência, neste momento, que não se pode deixar de pagar a folha, não se poderá deixar de pagar, no fim do mês, os trabalhadores e servidores públicos. E isto poderá ser feito, porque não estamos isoladamente analisando os técnico-científicos.

 

O Sr. Vieira da Cunha: V. Exª permite um aparte?

 

O SR. ADROALDO CORRÊA: Não dou o aparte.

Neste momento, nós temos certeza de que estamos analisando o conjunto da categoria municipária que envolve, também, o reajuste e a perspectiva de reajuste do conjunto da categoria. A elevação do índice tem relação objetiva com estes 8% de repercussão na folha, que alguns chamam de irrisório, porque examinam o caso, serão 250, serão 80, não é, são 8% do orçamento. É igual a Receita a ser arrecadada de oitocentos mil cruzados novos pelo ITBI, que esta Casa diz que aprovou, mas ainda não vigora, e vocês sabem que ainda não foi arrecadado um tostão deste dinheiro. Vocês sabem, porque trabalham com este dinheiro e ele não entrou.

 

O Sr. Ver. Artur Zanella: V. Exª permite um aparte?

 

O SR. ADROALDO CORRÊA: Não lhe dou o aparte. V. Exª faça a sua intervenção como Líder. V. Exª tem direito, V. Exª levantou questões que eram inverdades também. A projeção que se faz é que os 8% que resultarão da receita do IVVC e do ITBI também serão consumidos nessa perspectiva orçamentária para o pagamento da folha. O fato de não ter dado aparte foi porque eu sou apenas um dos Vereadores que veio a esta tribuna para defender uma proposta que é de encaminhamento favorável a um Veto, aposto por um Prefeito. E os Vereadores que votarão contra a manutenção desse Veto, pretendem derrubá-lo e são do mesmo Partido do Prefeito Alceu de Deus Collares. Isto tem que ficar claro, preciso: após um arrocho de 3 anos, tentar levantar esse arrocho em 3 meses.

Muito obrigado, e desculpe pela não concessão dos apartes.

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. José Valdir. V. Exª tem 10 minutos.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Srs. funcionários, o que na verdade nós estamos discutindo não é a política salarial e sim o Veto a um dispositivo que estabelece uma vantagem a um setor, e eu não estou questionando essa vantagem, estou apenas lembrando que o que estamos discutindo, na verdade, é isso.

 

O Sr. Artur Zanella: V. Exª me devolve o aparte que eu lhe concedi na outra vez? (Assentimento do orador.) É só para lembrar aos Líderes, que participaram da reunião com o Sr. Prefeito Municipal, que o Dr. Olívio Dutra nos entregou este documento que diz que o IVVC não está sendo cobrado pelo Município, o que é verdade, mas que está sendo transferido para o Estado do IVVC e o ITBI. Isto é, se não entrou um centavo na arrecadação direta, entrou na indireta porque o Estado devolveu por isto aqui. Então, quem está faltando com a verdade chama-se Ver. Adroaldo Corrêa.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Vereador, quando V. Exª solicita um aparte usa quase todo o meu tempo e não era essa a questão que eu estava colocando aqui. A questão que está sendo colocada aqui é referente ao funcionalismo. Mas chamo a atenção para um detalhe. Os Vereadores do PDT, do PDS, do PFL, do PMDB, jamais perguntaram nesta tribuna por que o PT não segue a mesma política salarial que eles adotaram nos seus governos para o funcionalismo? Porque é que não fizeram esta pergunta? É muito simples. O PDS resolveu vir aqui na tribuna e se intitular defensor dos trabalhadores. O PFL também. O PDS e o PFL enterraram este País, fizeram o maior arrocho salarial em cima da classe trabalhadora, foram coniventes com a ditadura militar, que prendeu, que torturou trabalhador. Agora, vêm aqui dizer - eu até notei a expressão - “como sempre fizemos, em defesa dos trabalhadores”. O PMDB - e eu uso aqui uma expressão que o meu ilustre colega Clóvis Brum gosta muito, “nada como um dia depois do outro” - também não sugere para o PT aplicar a mesma política salarial que teve o seu governo no trato com o funcionalismo. Não propõe porque o Simon aplicou uma política de completo arrocho salarial, assumiu o Governo do Estado com a Folha do Funcionalismo passando talvez um pouquinho de 80% e mesmo assim dizia que era impagável. E fez o maior arrocho salarial. O PT comprovadamente, assumiu o Governo com que consumindo mais 100% de receita - podemos até discutir se é 5% a mais ou a menos. Mesmo assim recusa-se a aplicar a mesma política de arrocho salarial utilizada por tais partidos. O Sr. Pedro Simon, não negociou com a categoria dos professores e funcionários, pelo contrário, entrou na Justiça para pedir ilegalidade das leis que tinham sido aprovadas! É por isto que o PMDB não tem legitimidade para vir aqui se intitular defensor dos trabalhadores. O PDT também fez a mesma coisa. Eu disse aqui, outro dia, da tribuna, que o PDT fez gentilezas com o chapéu alheio, porque passou os três anos do Governo Collares fazendo o maior arrocho salarial em cima do funcionalismo. Não recebeu do PDS a Prefeitura (e isso o Vereador João Dib já referiu aqui) na mesma situação que entregou ao PT. Passou três anos fazendo arrocho salarial e no finalzinho do Governo fez plano de carreira passar por esta Casa para o PT pagar. Estou colocando...e vou dar os apartes no final porque preciso articular meu raciocínio. Vou dar os apartes, mas deixem eu articular meu pensamento porque esta tática dos apartes eu também conheço pois sou macaco velho em assembléias.

Então, quero dizer que as Lideranças desses Partidos tentam passar nas entrelinhas que o PT está adotando a mesma prática autoritária, anti-trabalhador, que seus governos adotaram. Agora, não é verdade, Ver. Ferronato, porque a primeira coisa que estamos fazendo é tentar negociar com o funcionalismo, coisa que nem o PMDB, nem o PDT fizeram. Reclamam aqui que nós apresentamos um projeto e retiramos para negociar. Vejam a contradição: muitos dos Vereadores que dizem isso hoje, quando o projeto entrou nesta Casa diziam que o PT tinha que retirá-lo. Por que não negociar com o funcionalismo? Pois estamos negociando e quero deixar bem claro, nesta tribuna, que também não estamos fazendo como o Collares, como o Simon, como o Amaral de Souza, como o Jair fez que não reconheceram suas dívidas. Nosso governo concorda com o índice e com o cumprimento da lei. Mas não concorda por concordar como faz o Governador Simon que concorda e promete pagar no dia de “são nunca”. Estamos negociando com o funcionalismo um calendário de recuperação destas perdas. É preciso pois que fique bem claro nisso há uma diferença fundamental da prática do Sr. Simon, da prática do Sr. Amaral de Souza, da Prática do Sr. Jair Soares no trato da questão do funcionalismo. Então, é preciso que isto fique bem claro: a nossa prática é completamente diferente dos governos e dos partidos que vêm aqui nos acusar. A nossa prática é diferente da que eles tiveram ou estão tendo em relação ao funcionalismo público.

Há outra questão que quero frisar. Por trás de certas colocações, está um inconfesso desejo de vingança de um Vereador do PDT (não lembro quem), veio a esta tribuna e afirmou “Nós estávamos com gana por este momento.” E mais adiante: “Nós ansiávamos por este momento.” E mais adiante: “Nós ansiávamos por este momento.” Quer dizer, por trás disto está uma política muito clara, no sentido de comprometer nosso governo, a curto prazo, com aquilo que não tem condições de cumprir, embretá-lo e depois vir a esta tribuna cobrar melhorias como iluminação pública, esgoto nas ruas. O objetivo é colocar a administração popular diante de uma tal pressão que ela tenha que recorrer à ciranda financeira dos bancos; é inviabilizar a administração popular. Eu me admiro muito é de que nesta estratégia estão também partidos que se dizem socialistas, como o PDT, não percebendo a importância de viabilizar uma administração popular, no campo da esquerda, nas grandes prefeituras, até como forma de garantirmos - quem sabe? - a eleição presidencial. Isto é importante, e o chamamento que faço ao PDT, é para que reflita bem antes de fazer este tipo de discurso. O PDT está agindo como um sujeito meio maluco, que corta as asas de um pássaro e depois passa uma eternidade criticando-o por não voar. É assim que está agindo em relação a administração popular. Quero deixar bem claro que reconhecemos a justeza e a legitimidade do que está sendo pleiteado. Não negamos isso. Mas diante das dificuldades financeiras, estamos nos propondo a discutir formas de como pagar o funcionalismo prática totalmente diferente do PMDB, do PDS, do PFL e do próprio PDT. Muito obrigado.

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Wilton Araújo está com a palavra.

 

O SR. WILTON ARAÚJO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, há que ser o início do nosso pronunciamento o de repudiar a prática antidemocrática dos Vereadores do PT de não conceder apartes. Se repete um após outro e aqui perde o debate, perde a democracia porque não vê, não vê, justamente, o choque das idéias aonde esta Casa deve ser o berço para poder trazer, para todo o povo e, hoje nós temos uma assistência generosa, fraterna que quer ver esse debate. Mas o PT não quer.

Nós, do PDT, sempre, sempre estimulamos esse debate e temos como prática a democracia. Vimos aqui, um Adroaldo Corrêa, ilustre Vereador do PT que trás a esta Casa algumas preciosidades, algumas colocações das mais infelizes, digo quando diz que a Câmara Municipal no fim da gestão passada preparou um cerco ao PT. Oh! Pobre PT, Oh! Preparou um cerco quando aprovou uma conquista dos funcionários que há muito tempo o funcionalismo queria essa conquista. E, foi visto, tão simplesmente aqui pelo PT, como um cerco ao PT. Eles que se dizem defensores das lutas populares. Evidente conquista dessa classe que se mobilizou, que veio para cá e pediu a aprovação do Plano. E, é tão diferente que aquele defensor do PT, Ver. Antonio Hohlfeldt, hoje Secretário dos Transportes, que vai ficar na história como Secretário, defendeu o Plano. Defendia tanto, mobilizava tanto e agora se compara a um cerco.

Vejam como as questões ficam tão pequenas na boca de quem quer defender o indefensável. É indefensável a posição do PT hoje não querendo ratificar a posição desta Casa. É indefensável. Por isso não dão apartes. Por isso querem cercear a nossa voz, por isso infantilmente vem colocar que nós estamos nos contradizendo que a nossa política foi assim, foi assada. Muito bem, mas a política de vocês agora, se estão no Governo agora façam, realizem. Outro dos argumentos, não há dinheiro. Velho argumento esse. Os funcionários conhecem. Não há dinheiro, por isso não podem dar. Como não podem dar? Esta Casa aprovou também, além do cerco do Plano de Carreira, aprovou as medidas capazes de aumentar as receitas. Isso é verdade, aprovou dois impostos com o ônus que sofreu da população de Porto Alegre, e há pressão muito grande contra esses dois impostos. Mas aprovamos, porque acreditávamos que precisava a máquina administrativa do Município ter mais recurso. E eles estão sendo arrecadados ou vão ser. Então, há dinheiro. Agora, que se tem que ver qual a prioridade, onde vai ser aplicado esse dinheiro, tem que ter a honestidade de chegar na tribuna, o PT, a Frente Popular e assumir de que esta não é uma das prioridades, e não ficar escamoteando, dividindo, subtraindo os direitos como estão fazendo. Dizem que é 40 o aumento. Na verdade é 25, e não se sabe bem o que é, quando existe uma lei que diz, essa mesma lei que estamos debatendo, com o veto que deveria ser 76. Então, vejam bem, nós hoje vimos passar aqui muitos Vereadores do PT que não souberam ainda, não conseguiram embasamento suficiente para defender a posição do Executivo. Espero que não consigam. Espero que as suas consciências na hora, no momento da votação, - que é secreta - quem sabe um voto, dois, três votos do PT venham engrossar a grande maioria de votos desta Casa que vai ser certamente para rejeitar, derrubar o Veto aposto pelo Sr. Prefeito. Disse também o Vereador que me antecedeu, Adroaldo Corrêa, que é preciso que se tenha medida - governar a Cidade ou pagar a folha. Realmente, agora os senhores deverão decidir. Eu acho que tem de fazer os dois. Acho que todos os Vereadores que aqui estão concordam comigo - tem que fazer os dois, tem que terminar inclusive, os funcionários sabem muito bem, com esta paralisia que a Cidade está. Eu chamaria até a paralisia do esquerdismo infantil. Parou a Cidade; a Cidade não fez mais nada. Falta, em serviços, quase tudo, e se move ainda pela inércia daqueles que estavam acostumados a fazer alguma coisa dentro da máquina, porque ordens, objetivos, planos não existem mais. E nós temos informações - realmente a inércia está levando a cidade de Porto Alegre a um prejuízo muito grande, talvez irrecuperável. Façam os dois. Governem e paguem. E eu, do discurso do Ver. José Valdir, de brilhante passagem e articulação nesta tribuna, gostaria de gizar uma parte: V. Exas do PT poderiam fazer não como nós do PDT, acho muito difícil, mas poderiam fazer como a Erundina, do PT, que deu 273%. Poderiam pegar o exemplo dentro do próprio Partido.

 

O Sr. José Valdir: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) A Erundina pôde fazer isso em São Paulo porque o Jânio Quadros, lá, não conseguiu fazer a armadilha que o Collares conseguiu fazer aqui, para o PT.

 

O SR. WILTON ARAÚJO: V. Exª, então, apóia o Jânio Quadros? É só para saber porque, de repente, a gente descobre aqui um janista infiltrado no PT, o que seria de todo lamentável para a democracia do País.

Eu gostaria de, no final do meu pronunciamento, dizer que lamentavelmente o PT, que impõe a esta Cidade o que chamei de paralisia do esquerdismo infantil, impõe, também, aos funcionários, um arrocho que, iniciando agora, vai, tenho certeza, superar em muito esse que nós vimos nos últimos 25 anos. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Clóvis Brum): Com a palavra, o Ver. Elói Guimarães. V. Exª tem 10 minutos, Vereador.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, nós entendemos que o PT perdeu uma grande oportunidade, nesta tarde, de ficar calado, porque na medida em que discute, agrava, compromete-se. Vejam V. Exas que o discurso do PT não resiste à análise, senão, vejamos. Se disse aqui, copiosamente, da tribuna, pelos integrantes do PT, que o Prefeito Collares arrochou os salários do funcionalismo. A bem da verdade há uma relativa verdade nisso, é preciso assumir, mas na medida em que o PT discursa, afirmando que o Prefeito Collares arrochou, por outro lado, o PT vem à tribuna e reverbera a postura dos Vereadores que querem derrubar o Veto. Então, vejam V. Exas, se é lógico esse entendimento, é uma contradição em si, não resiste à análise. Então, reitero, o PT perdeu a grande oportunidade, a oportunidade até histórica de ficar calado e deixar que os fatos andassem para não se comprometer. Nem vamos falar do PT da oposição que a Cidade conhece, que o funcionalismo conhece. Todos nós conhecemos o PT da oposição, aquele que jogava tudo no ventilador. A Cidade não ignora isso, todo mundo sabe que se há um Partido que, no curso desses anos, tomou a bandeira contra o arrocho salarial de forma desabusada, foi o PT. Isso é uma verdade que tem que ser trazida para a discussão crítica, pois para o PT, há meses, o funcionalismo era o mais mal pago da história desta Cidade. Agora, o PT vem para a tribuna - e peguem aqueles discursos do PT que aqui foram feitos e comparem-nos com os discursos que faziam aqueles arenistas daqueles tempos difíceis dos arrochos salariais que foram impostos neste País - e seu discurso já não é a mesma coisa. Nós precisamos parar, pensar e reflexionar, e esta é uma hora importante. Por isso, o PT deveria calar e deixar que as coisas andassem, porque, na medida em que discute, agrava, por ser um discurso contraditório. Mas, deixando de lado essas questões que põem a contradição à luz, nós gostaríamos de reflexionar em cima de uma realidade que é a realidade do funcionalismo.

É bom que se diga, e é sempre oportuno reiterar, que os governos passam, seja do PDT, PT, PDS, passam e o funcionalismo continua. O funcionalismo é exatamente o fator mais importante da máquina administrativa da nossa Cidade, porque muitas vezes os governos fazem besteira. É, fazem besteira! Abandonam a Prefeitura, mas o Município continua funcionando. O Município continua operando as suas obrigações e deveres funcionais, Então a máquina administrativa tem que ser preservada. A máquina administrativa, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, tem que ser atendida naquilo que tem de mais importante que são exatamente os seus quadros funcionais.

O Município, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é, basicamente, o corpo de seus servidores e aqui estão funcionários de curso superior. Vejam bem que alarde em se conceder esta pequena vantagem ao funcionalismo. Consultem a iniciativa privada. É, a iniciativa privada, tão combatida por nós, é verdade. Porque o patrão é ladrão, porque o patrão usurpa o trabalhador, e na iniciativa privada o profissional de curso superior ganha mais...

Mas como nós no Estado, o Município de uma capital, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, vem negar que o funcionalismo de curso superior, que cursou a faculdade, tenha um tratamento condigno? Não é alto salário não! É um salário razoável, condigno com a compatibilidade de quem exerce e que tem o curso superior. Então, não se está aqui a fazer nenhuma cortesia como diz o PT. Que cortesia é esta, Sr. Presidente e Srs. Vereadores? Peguem o contra-cheque do funcionalismo. Peguem o contra-cheque daqueles que têm curso superior para ver se isto é cortesia. Então, não estamos fazendo cortesia com o chapéu de ninguém aqui. Nada estamos senão, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a reconhecer um tratamento razoável. Consulte a iniciativa privada, aquela que vivemos. Inclusive, o Sr. Prefeito Municipal desce da Prefeitura Municipal e vai para a frente de bancos fazer piquetes, porque lá estão ganhando mal.

Pois aqueles que exercem, que têm curso superior na iniciativa privada ganham mais que os funcionários públicos de carreira, que tem curso superior. Ao derrubarmos o veto do Sr. Prefeito Municipal não estamos vendo a questão ao nível deste ou daquele partido, deste ou daquele prefeito. A situação tem que ser examinada ao nível do funcionalismo, ao nível da administração como instrumento permanente em busca do bem comum da população, a Prefeitura Municipal, pelas suas estruturas funcionais. Este é o discurso, esta é a análise, é diante da necessidade e da própria essencialidade destes quadros no contexto da Administração que temos que fazer a análise. Não se trata aqui de ser mais esperto que ninguém, de ser mais ladino, o que temos, e este é o momento oportuno, é de dotarmos o funcionalismo de um tratamento para que ele possa responder à comunidade que o paga com um razoável tratamento.

Portanto, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, fica aqui a nossa manifestação para espancar, de forma clara e induvidosa, as tentativas que se procuraram de dizer que está-se fazendo gentileza. E mais, trazer à discussão uma contradição em si, proporcionada aqui pelo PT, que açoita o Prefeito Collares dizendo que ele procedeu ao arrocho salarial e, por outro lado, não quer que as Bancadas derrubem o Veto.

Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a questão de caixa e a questão de Orçamento tem que ser bem compreendida nesta Casa. Isto será objeto de uma discussão que haveremos de fazer. Está-se tocando muito de ouvido, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, é preciso que se estabeleça uma diferença clara entre caixa e orçamento. Se disse aqui que o Orçamento é enriquecido por ingressos novos, e não precisaria citar a dinamização que sofreu a receita pública municipal, inclusive com o crescimento do Imposto de Transmissão de Bens Imóveis. Nós tínhamos, quando o Estado administrava e tinha competência para arrecadar esse importo, uma participação do Município na ordem de 2%, hoje teremos 3%.

Portanto, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, nós concluímos dizendo que o que estamos a fazer hoje, aqui, não é senão reconhecer, de forma induvidosa, que o que se está a conceder ao funcionalismo, nada mais é do que fazer justiça ao arrocho salarial que sofre o funcionalismo municipal. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Heriberto Back.

 

O SR. HERIBERTO BACK: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu quero dizer ao Ver. Elói Guimarães que, infelizmente, não posso atender a sua recomendação de ficar quieto, e digo por quê. Eu recebi no meu gabinete diversas e numerosas comissões de técnico-científicos, que eu conheço há muitos anos e que vieram fazer uma reivindicação. Esses mesmos técnico-científicos, Diretores de Divisão, Superintente de Autarquias, de Secretarias, a quem durante longos anos eu pedi audiência, fiz pedidos, fiz reivindicações, e sempre fui muito bem recebido por eles, sempre fui tratado com educação, sempre me deram uma resposta, sempre falaram, nunca ficaram quietos, deram-me respostas positivas ou negativas. E essa mesma consideração me julgo na obrigação de retribuir aos técnico-científicos que aqui estão e dizer que do ponto de vista de justiça da reivindicação, rigorosamente falando, está abaixo da justiça o que está-se discutindo aqui hoje. E dizer que não vou entrar, com todo o respeito aos meus colegas Vereadores, sobre este ângulo do debate que está sendo colocado. Vou procurar outro ângulo e o que está no compromisso dos boletins que passei para muitos dos que estão aqui presentes, no boletim da minha campanha. Se nós continuarmos nesse ritmo de discussão, o PT, que está no banco dos réus, vai ser condenado, deverá seguramente ser condenado, pelo crime de, de repente, nós estarmos aqui fazendo a mesma coisa que todos os governos, representados aqui nas Bancadas de Oposição hoje, sempre fizeram. No fim vamos estar todos condenados. Enfim, de repente, estamos inviabilizando a própria administração pública e o próprio serviço público, que hoje é acusado pela TV Globo de ser responsável por todos descalabros que acontecem neste País. E nós sabemos que não é assim. O que aconteceu com o PT é que ele chegou, pegou o Governo no momento em que o País está no fundo do poço. Então, pegamos a Prefeitura num momento extremamente difícil, mas na véspera de um momento em que podemos reagir e fazer essa borrasca se voltar, que é a eleição presidencial. Aí, sim, é que temos que fazer a possibilidade de uma profunda transformação neste País e demonstrar que não é o serviço público que sobrecarrega este País e, sim, tudo isso que todo o Brasil sabe, mas que até agora não teve oportunidade - eu estou aqui com os meus cabelos brancos, mas até agora não votei para Presidente da República - todo o País sabe o que desgraça este País. A resposta vai ser dada no dia 15 de novembro. Nós não podemos é inviabilizar as Prefeituras que conquistaram esta posição, inviabilizar o 15 de novembro. Vamos pensar nisso.

O grande mal está aí, não é no serviço público, não é no funcionalismo público. Agora, por outro lado, e esta é uma proposta que eu coloquei nos boletins da campanha que eu vou relembrar, porque talvez muita gente não tenha lido, mas, lá, tem uma questão que eu coloco que eu acho que é o grave problema da Prefeitura. Os técnico-científicos têm que ganhar tanto ou mais que os da iniciativa privada, mas só temos uma maneira de fazer isso acontecer, é reverter a forma como hoje se presta o serviço público. Na realidade não existe uma Prefeitura em Porto Alegre como, aliás, em todo País não existem mais Prefeituras, existe uma administradora de concorrências, uma administradora de serviços de terceiros. Os nossos engenheiros, pela máquina que se montou, hoje, não conduzem mais uma obra, fiscalizam as obras que os terceiros fazem e terceiros muito bem pagos e que exploram o trabalho dos seus trabalhadores. Um trabalho escravo, como todas estas empreiteiras que estão aí. Os nossos técnico-científicos é que tinham que estar comandando as obras. Estas obras tinham que estar sendo feitas pelo Município e não por serviços de terceiros que servem para explorar o nosso funcionalismo público que é mal pago, mal valorizado. Ali é que está o furo da bala. Podia dizer um jogo perdido, mas não vou dizer um jogo perdido, porque nós apoiamos este tipo de reivindicação e muito mais, nós queremos que vocês tenham mais do que isso. Nós não queremos que o funcionalismo público tenha que se pendurar em penduricalhos. Nós queremos a real dignidade do serviço público. Esta real dignidade do serviço público só pode ser feita quando a Prefeitura prestar os serviços e não for administradora de concorrências ou administradora de serviços de terceiros. Eu acho que esta é a grande questão que nem a própria questão nacional. A partir do ano que vem, eu tenho certeza, o Brasil sabe o que faz, vai encontrar uma saída para isso. Nós vamos nos encaminhar neste novo rumo que o País vai tomar. Vamos fazer esta reflexão: nós temos que reorganizar o serviço público. Nós temos que voltar a ter prefeituras neste País que realizem os serviços para os seus cidadãos. Nós temos que parar de engordar as grandes empreiteiras, que sustentam o mundo político, lá de cima, o corrupto que está aí, que todos sabem. Há grandes empreiteiras enchendo o bolso de dinheiro. Eu disse aqui, outro dia, e fui contestado, quando falei do sistema das casas populares, as chamadas casas populares, que tinha que ir para a cadeia quem fez essas casas populares com o dinheiro público, utilizando as empreiteiras. O que fizeram as COHAB’s, as HD’s em Guaíba, e todas essas empreiteiras? O que fizeram? Fizeram casas de péssima qualidade, exploraram os seus operários, roubaram do povo, desgraçaram este País e sustentam esse grande mundo político que está aí. Isto nós temos que acabar. Acabar a partir do ano que vem, porque este ano é morto, um ano de dificuldades. E não adianta ficarmos aqui jogando alfinetes, farpas e tiros de todos os lados, porque isto não leva a lugar nenhum. Eu acho que nós temos que fazer uma séria reflexão em dois sentidos: garantir as eleições - porque o resultado o povo vai garantir - mas é responsabilidade da classe política garantir as eleições e o povo garantirá o resultado; há necessidade de uma séria reflexão sobre o serviço e a administração pública e de reforçar o Município. Temos que valorizar o Município, porque, quando eu falei em casas populares, eu disse que, ao contrário da grande bandalheira das casas da COHAB, as do DEMHAB eram de boa qualidade. Boa qualidade por quê? Por que os técnicos que trabalham neste Município são de boa qualidade, e porque, sendo Município, sendo próprio, há controle e as coisas funcionam melhor. Temos que viabilizar o Município, se quiserem viabilizar o País.

 

O Sr. Artur Zanella: E o seu voto?

 

O SR. HERIBERTO BACK: O meu voto, apesar de secreto, é sempre o mesmo. Eu nunca fui líder de grevistas do funcionalismo. Eu comandei a greve dos operários da construção civil, como é público e notório, mas nem por isso deixo de estar solidário com a reivindicação. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Décio Schauren.

 

O SR. DÉCIO SCHAUREN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, em primeiro lugar, quero dizer que eu também sou funcionário público, funcionário público federal e que o PT nunca foi contra os funcionários, muito menos agora. Nós concordamos, como alguns disseram aqui, que o funcionalismo público não tem Marajás, pelo contrário, nós entendemos que muitos ganham muito pouco. E é por isto mesmo que a Administração Popular se propõe a estudar, com o próprio funcionalismo, um novo plano de carreira, pois nós sabemos que até os funcionários reconheceram que este Plano tem distorções e a Administração Popular está fazendo um esforço enorme para dar o maior reajuste que as finanças do Município permitem. Isto também está claro. Ao mesmo tempo, vemos as populações das vilas pressionarem para que sejam atendidas necessidades básicas da população e que a Administração, neste momento, não está conseguindo atender, por falta de recursos. E há alguns Vereadores que ajudaram a impor um cerco financeiro à Administração Popular, que vêm aqui se divertir às custas das dificuldades financeiras que ela está enfrentando. Como é fácil fazer demagogia quando as galerias estão lotadas! O PDT arrochou os salários durante três anos e fez um Plano de Carreira, ao final do seu Governo e, talvez, se o Carlos Araújo tivesse sido eleito, não teriam mandado este Plano para a Câmara e agora vêm querendo fazer gentileza, como alguém já disse, com chapéu alheio. Aliás, em dezembro, um operário padrão 1 ganhava Cz$23,40 de salário básico. Os Vereadores do PDT estão esquecendo isso, dizendo agora que estão a favor do funcionalismo público e é o PT que está arrochando os salários. Outra coisa, ainda foi criada uma anistia fiscal que criou uma série de problemas com a arrecadação de recursos agora.

O Ver. Castan veio aqui dizer, aliás o Ver. Castan sempre procura alguma forma de dizer que a Prefeitura está cometendo um desrespeito à Câmara e eu não vejo por que seja um desrespeito à Câmara a Prefeitura discutir o reajuste salarial com os funcionários do Município. Não vejo nenhum desrespeito à Câmara. Aliás, o Collares não fazia isso. Será por isso que é um desrespeito à Câmara? Acho que não, acho importante discutir uma proposta com o funcionalismo e, só depois de haver um entendimento, mandá-la para a Câmara.

A outra questão que também é preciso dizer é que o próprio PDS arrochou os salários durante 21 anos de ditadura e agora vem aqui dizer que defende o funcionalismo público. O PFL estava junto e agora vem dizer que defende o funcionário público. Durante 21 anos cassaram lideranças sindicais, perseguiram o movimento sindical e agora vêm aqui dizer que se colocavam defensores do funcionalismo público. O PMDB não precisa nem dizer, acho que todo mundo conhece o plano Bresser e outros planos mais, então, não precisa dizer nada. Agora, dizer que o PT está contra o funcionalismo público, que não quer dar aumento só porque não tem saída, não tem dinheiro para pagar, realmente, é uma hipocrisia.

O Líder do PT apresentou nesta semana, aqui na Câmara, um Requerimento para que o próprio Secretário da Fazenda viesse aqui expor as dificuldades financeiras do Município, porque, na verdade, desde o início da Administração Popular, o Secretário Verle tem dito que as contas do Município estão abertas para quem quiser examinar. E vêm vereadores aqui dizer que a Administração Popular está mentindo, mas na verdade eles não vão lá averiguar a realidade porque sabem que irão quebrar a cara. O Secretário da Fazenda vem aqui colocar isso; já os que dizem que o Secretário está mentindo não vão lá. Então, o que eu queria colocar é o seguinte. O que falta em muitos discursos é responsabilidade, realmente, para com esta Cidade, para com a população da Cidade que está a exigir necessidades básicas que estão em dificuldades de serem atendidas e responsabilidade para com o próprio funcionalismo público, que eu acho que a Administração Popular está, democraticamente, discutindo com o funcionalismo qual é o aumento que realmente é possível e para isto colocando inclusive as contas em aberto para o próprio funcionalismo averiguar. Acho que isto está sendo feito de algum forma. Eu queria convidar os próprios Vereadores, todos que estão aqui, a achar uma saída para essa difícil situação. Porque criticar é muito fácil, agora, achar a saída não é tão fácil e a própria Administração está fazendo todo o esforço para achar essa saída. E esta é realmente uma questão de responsabilidade para com o funcionalismo e para com a Cidade. Nós não podemos pagar. Agora, no momento que tivermos recursos, sem dúvida, que nós não queremos arrochar o funcionalismo e dar o reajuste que os funcionários públicos merecem. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Vieira da Cunha.

 

O SR. VIEIRA DA CUNHA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, na condição de Líder da Bancada do PDT, fui procurado há poucos dias por uma comissão de funcionários que solicitava a este Vereador uma definição a respeito da sua posição e da Bancada que lidero nesta Casa, a respeito deste Projeto. E, na ocasião, eu transmitia aos servidores que não poderia, naquele momento, me posicionar, porque não tínhamos ainda reunido a Bancada e sequer tinha elemento para medir a repercussão financeira, no caso da derrubada deste Veto. Talvez por isto, em razão daquela conversa, tenha surgido um ou outro comentário de que este Vereador votaria a favor do Veto e contra o interesse desses funcionários. Cumpre, portanto, esclarecer que a Bancada do PDT se reuniu, discutiu o assunto e decidiu por unanimidade votar pela rejeição do Veto. As razões, dentre outras que já foram expostas, são as seguintes: em primeiro lugar, é bom lembrar e o Ver. Flávio Koutzii, Líder do PT, vai-nos fazer justiça, que este Projeto estava lá na nossa Comissão, Comissão de Finanças e Orçamento, quando o Ver. Koutzii pediu que antes de darmos parecer sobre a matéria - e o Relator era o Ver. Dilamar Machado - nós aguardássemos a definição do índice de reajuste. É claro que uma coisa está intimamente ligada à outra. E foi o que fizemos. Mas no momento em que o Sr. Prefeito Olívio Dutra mandou a esta Casa um Projeto de Lei dando 20% de reajuste ao funcionalismo público municipal, aí, não nos restou mais dúvida alguma, se é que tínhamos. E o Ver. Dilamar Machado fez o Parecer pela rejeição do Veto e assinamos na Comissão, estamos agora discutindo e vamos votar daqui a momentos este Projeto.

Vejam a contradição! Vejam a contradição do Governo do PT. E o momento em que o Sr. Olívio Dutra mandou este Projeto a esta Casa, era o mesmo momento em que piqueteava na frente do Banrisul e que distribuía panfletos contra Sarney e um sinal de proibido dizendo Plano ladrão; distribuía panfletos da CUT chamando o Plano Verão de Plano ladrão; e mandava a esta Casa, ao mesmo tempo, um Projeto ladrão. Critica o Plano ladrão do Sarney e manda um Plano ladrão, o Sr. Olívio, para esta Casa!

É uma contradição, estas contradições que nós não podemos admitir. Num debate público com o Vice-Prefeito Tarso Genro ele disse que esta minha linguagem não dignificava o Vereador Líder do PDT. Mas não é a minha linguagem; é a linguagem da CUT, é a linguagem dos trabalhadores. Se o Plano do Sarney é ladrão, porque que o Plano do Olívio não é? Se nós tivemos uma inflação real de 100%, uma inflação oficial de 76, e ele queria dar 20, agora quer dar 25 e mais 12 só lá em junho! Ou nós vamos ter 2 pesos e 2 medidas na análise de situações exatamente iguais? Não podemos. E esta questão de dizer que agora mudou a realidade, que agora o autodenominado governo popular, a Administração Popular, autodenominada, ouve o povo! Mas o que adianta ouvir o povo, se não acatam as decisões do povo? Nós temos um exemplo muito presente aqui em Porto Alegre, que é a questão do CIEM, o Centro de Educação Municipal, onde nós temos comunidades se manifestando em favor do turno integral, contra os dois turnos. O Ver. José Valdir sabe disso; e o Sr. Olívio Dutra ouve, a Frente Popular ouve e não voltam atrás na sua decisão. Ouvir o povo não adianta. Agora, será que os municipários não se manifestaram muito claramente na sua assembléia? Ou faltou alguma coisa? Foram muito claros sim: disseram que querem 76% - recusaram os 20% do PT. E ainda abriram mão de um direito legal e admitem receber em duas vezes, segundo recebi informações: metade agora em março e metade em abril. Agora o PT dirá que vai ouvir os municipários, que está ouvindo os municipários. Mas será que vai acatar a decisão dos municipários? São estas contradições. E não vá-se dizer aqui que o PDT fez gentileza com chapéu alheio como está afirmando o Prefeito Olívio Dutra e como vários Vereadores do PT afirmaram desta tribuna. Mas que gentileza é essa? O Plano de Carreira, que não atendeu todas as reivindicações do funcionalismo, é uma conquista de reposição do que é corroído do salário, da inflação. Isso é gentileza ou é a conquista de um direito do funcionalismo? Aí, dirão, “mas foi no final do Governo Collares. Ele fez a conta para nós pagarmos.” São só esses os argumentos do PT. E eu vou responder que não é hora de cobrar a coerência do PDT, simplesmente pelo seguinte: eu, Líder da Bancada do PDT, estou aqui, reconhecendo, na presença dos funcionários, que nós, do governo Alceu Collares, não conseguimos dar aos funcionários os salários que eles mereciam. Estou aqui assumindo publicamente isso. E sabe o que aconteceu em razão disso, Ver. Adroaldo? Nós tomamos três greves no lombo por muito menos do que isso! Porque nunca se deu tão abaixo do índice da inflação como os Srs. da Frente Popular estão querendo dar! Nós já pagamos o preço, Ver. Adroaldo, inclusive na eleição! Ou V. Exª pensa que o funcionalismo, na sua grande maioria, acreditou no discurso do PT e agora está-se dando conta de que esse discurso não era verdadeiro? Eu chego até a afirmar o resultado da eleição talvez até pudesse ser modificado se os funcionários pudessem ter presente a realidade de hoje. E o Dep. Carlos Araújo, que fez brilhante votação e ficou em segundo lugar, talvez até com o voto do funcionalismo e de seus familiares pudesse ter modificado o resultado da eleição. Então, V. Exª tem que admitir que o PDT pagou o seu preço. Os salários não foram justos? Não. Reconhecemos isso. Mas a hora, Ver. Adroaldo, é de olhar o presente quanto à situação do funcionalismo, não é de tentar modificar a política de arrocho do Sr. Olívio Dutra com os nossos três anos de governo. Os Srs. da Frente Popular e autodenominado Governo Popular, têm que reconhecer que são governo agora. O PT em Porto Alegre é patrão! Essa realidade tem que ser colocada na cabeça do Prefeito, do Vice-Prefeito e da Bancada do PT nesta Casa. O PT em Porto Alegre é patrão; infelizmente, para os funcionários, muito mal patrão! No DEMHAB demitiram em massa sem justa causa. E lá, na Constituinte, junto conosco, diziam que a Constituinte tinha que garantir a estabilidade para o trabalhador. Lembro-me de um cartaz memorável feito pelo PT, PDT, PC, PC do B e outros Partidos de oposição, de esquerda, como disse aqui José Valdir, em que lá estava a bota de um patrão dando um ponta-pé num operário e um “x” em cima: “Demissão imotivada, não”! Um dos primeiros atos administrativos do PT foi demitir quase duzentos operários do DEMHAB, todos sem justa causa. É muita contradição! Finalizando, o PT agora é patrão, infelizmente, para o funcionalismo municipal, um péssimo patrão! Sou grato.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O próximo orador é o Ver. Flávio Koutzii. S. Exª está com a palavra por 10 minutos.

 

O SR. FLÁVIO KOUTZII: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras e Srs. funcionários presentes ao Plenário. Acho que além da decisão pela qual os funcionários discutiram, pressionaram e lutaram para que esse Veto fosse rejeitado, está, pela indicação das diferentes Lideranças que já falaram, vitoriosa. Isso interroga o sentido e o porquê da linha de intervenção que os representantes do Partido dos Trabalhadores estão tendo aqui. Vou preferir falar, sem desconsiderar nem desrespeitar meus Pares nesta Casa, especialmente para os Senhores e para as Senhoras. Vamos votar pela manutenção do Veto e o sentido da intervenção que quero fazer é retirar do jogo de cena fácil, no qual há talentos extraordinários nesta Casa, do achado inteligente, da contradição oportuna que faz parte da qualidade dos políticos, o pequeno drama ou o grande drama que se esconde atrás, não em particular dessa decisão, mas ela é uma parte do conjunto dos problemas que nos concerne e a cada um dos que estão aqui.

Há, em primeiro lugar, uma questão fundamental a estabelecer no terreno político de apreciação da atitude que estamos tomando, aqueles que estão defendendo neste momento a posição do Governo. Primeira questão nítida, não precisa ser especialista, basta ter serenidade e equilíbrio para avaliar: Quando nós, expressão de vários de nossos Vereadores, sublinhamos o fato de que três anos da Administração Collares foram duríssimos no ponto de vista do nível dos salários, nós estávamos recordando um fato fundador - não inicial porque o PDS contribuiu extraordinariamente com isso antes - da situação concreta do funcionalismo. Mero jogo e briga entre PT e PDT? Sim, há uma confrontação entre nós. Ela atravessa essa sala, essa reunião e é inevitável que seja assim. Mas, há uma questão muito importante: é que o Prefeito Collares, numa decisão política que tinha direito de ter, mas que reflete os valores político-ideológicos do seu Partido, amassou o salário do funcionalismo, nunca ultrapassando o nível de 50% dos seus recursos com a folha, para ter 50% para fazer o seu programa de Governo. Então, tivemos os CIEMs e outras obras desse Governo. Importantes e respeitáveis.

Um dado que chamo à reflexão, não para que os Senhores abdiquem da luta por um melhor salário, que o merecem, mas para que entendam fora da simplificação e da demagogia o que está em jogo nesta discussão, é que este aspecto, por exemplo, não está presente. Os Senhores, nem os Vereadores, puderam identificar - e eles utilizarão isso politicamente no futuro, num outro registro - que nós estamos trocando obras e serviços e com isso achatando os salários dos funcionários aqui presentes. Não é verdade. Este é um dado fundamental porque nem neste departamento nós entramos ainda.

Segundo aspecto: foi muito recordado aqui o procedimento do PMDB e do Governo Simon, especialmente, no primeiro ano de Governo. Qual a técnica e a forma, daqueles que nos recordaram como se deve tratar a dignidade e o direito de luta dos trabalhadores, municipários ou não? Esqueceram de agregar alguns elementos do quadro; há uma tática e uma técnica de desmoralização do funcionalismo nesse País, denunciada pela Bancada do PDT, toda aquela posição da Rede Globo, para mostrar que todos eram marajás e todos corrompidos e todos inúteis. Nós somos contra isso, e nunca foi esse o discurso do PT. Mas uma técnica clássica para enfrentar uma dificuldade em atender uma reivindicação salarial é, em primeiro lugar, desqualificar a categoria que reivindica. Então se vai ao jornal dizer que são fantasmas, que estão em desvio de função, etc., isso não fizemos e não faremos. Em segundo lugar, se costuma interpretar que a mobilização legítima dos trabalhadores é produto de algum partido, a ou b. O Collares sempre explicava que a luta dos municipários era coisa do PT. Os Senhores não tinham nem capacidade e nem autonomia para decidir. Nada mais falso. Os que ali estavam, nossos, da categoria, participaram ombro a ombro desta luta, e fizeram muito bem. Nós não vamos dizer isso, como também não vamos dizer que é incorreto se organizar sindicalmente, ou que é incorreto lutar por um salário melhor num País em que todos os salários estão degradados. Nós não vamos fazer aquela técnica indecente de colocar, como quando o governo do Estado atacava a categoria dos professores, tabelinhas muito bem selecionadas de páginas inteiras de jornais, manipulando a opinião público, para mostrar que todos ganhavam muito bem. Isso não aconteceu e não vai acontecer. Nós não temos que calar a boca, vamos falar cada vez mais forte, mas não numa atitude de desafio, arrogância aos Senhores que estão aqui, em defesa daquilo que é um extraordinário patrimônio de luta e de organização, que qualquer força política vai ter que passar muitos anos para construir outra igual: a organização dos sindicatos nesse País; organizando a luta pela recuperação salarial; e a construção de um Partido de massas, não de pequenos grupos, socialista e que luta por uma modificação profunda neste País. Então, é verdade que certamente cada um dos representantes do PT que subiu a esta tribuna tem um dilema interno, uma angústia que dificilmente pode ocultar. É duro vir aqui e não somos políticos treinados nisto, somos políticos e ativos em uma luta em outra esfera - para explicar ou defender junto a funcionários, num País de salários degradados, que temos limites para conceder aumentos. E esta angústia, este drama, que é muito mais de cada um que recebe salários insuficientes, ele permitiu a alguns Vereadores de nos recordar o que nós somos. Quero agradecer a preocupação. Não precisa. Porque a identidade do que nós somos está explicada claramente até, se querem um exemplo exemplar, por essa conduta do Prefeito Olívio Dutra no dia da greve. Nós vamos seguir organizando o movimento, vamos seguir lutando em todas as frentes neste País. E o que está em jogo, quero deixar isto claro, independente do resultado que os senhores vieram buscar, é que estamos obrigados a um diálogo que não vai se interromper, e que é dramático, só existem duas possibilidades nesta discussão. Ou a Administração e seus representantes, aqui, estão mentindo sobre a questão dos dados e sobre a avaliação do impacto da folha, no conjunto de recursos mês a mês, ou não. Poderíamos errar. É possível mesmo que haja imprecisões. Mas, tenho usado nas discussões coisas extremamente fáceis de se colocar. O quadro que é contestado pelo Ver. Dib indica que gastamos 109% dos recursos em janeiro para pagar o pessoal, inclusive, pedindo empréstimos. Ele tem uma interpretação diferente. Amanhã seria importante assistir o debate com o Secretário da Fazenda, que convidamos para ser argüido sobre os detalhes que são contestados aqui.

 

O SR. PRESIDENTE: Se inscreve o Ver. Antonio Losada e cede seu tempo a V. Exª, Ver. Flávio Koutzii. Tem mais 10 minutos.

 

O SR. FLÁVIO KOUTZII: Evidentemente me preocupo. Vou abusar deste duplo tempo, mas acho importante o que dizia, se nós tivermos razão no fundamental, como disse alguém aqui 3% para cá, ou 5% para lá, não entrou na conversa e na discussão destes dados várias coisas. Uma delas: eu tenho aqui um documento, produzido pela Administração passada, um estudo que se pediu a ela, para avaliar a repercussão do Plano de Carreira e de salários depois que ele foi aprovado. Aí há uma análise de conclusões que vou ler e que acho importante porque foi feita pela outra Administração, com três anos de treino e controle da máquina. E diz: análise sucinta dos dados oficiais evidencia claramente o seguinte: 1º - as previsões de receita do primeiro trimestre de 1989 foram superestimadas. 2º - as estimativas de despesa com a folha da centralizada no mesmo período foram subestimadas. 3º - os novos cálculos mostram que no 1º trimestre em 1989 a despesa com a folha da centralizada superaria a receita total em 9%. 4º - o quadro evidenciado no item anterior agravar-se-á se considerarmos as transferências à administração indireta, DEMHAB, DMLU, etc... se destinam ao pagamento de pessoal.

Portanto, o cálculo feito é de que a receita seria insuficiente para cobrir os gastos e o cálculo era que o excesso de despesa de pessoal com relação à receita seria de 14% ao longo do próprio ano. E, caso se considerasse as transferências para autarquias, 25%. Acho extraordinariamente importante porque é um documento que não é do PT. Mas o que quero com isto? Quero ganhar nesta discussão frente aos senhores é a respeitabilidade para esta preocupação, para o abandono. A luta pela reivindicação implica, às vezes, em simplificar a realidade e respeito isto. Os senhores estão lutando é pelo seu fim do mês. Isto é legítimo e justo. Mas acontece que os senhores são um pedaço da Prefeitura. Então, se nós não tivermos repetindo nem a preocupação que deveríamos ter, que norteou o Governo Collares de guardar 50% para investir no seu projeto, ou se não tivermos fazendo como o Governador Simon, - que é outro departamento - lembro-me que, quando brigávamos com ele na praça e na Assembléia legislativa, dizíamos, “mas Governador, o senhor diz que não tem recursos e nós dizíamos: que tal a sugestão de cortar o subsídio da indústria do calçado?” É uma posição de classe do PT. Menos ajuda aos empresários e mais recursos aos 100 mil professores - pergunta e quero que me façam se é possível. Dá para dizer isto ao nível dos recursos sobre o qual o Governo Municipal é dono e senhor, ele pode dirigir? Não. A esfera municipal tem um nível de arbitragem de decisão extremamente mais limitada que o Estado e o Governo Federal. Então, nem a variante Simon, nem a variante Collares está neste momento em aplicação. O que está em questão é que a Prefeitura deve funcionar. E o que está por trás de tudo isso? E é por isso que nós não vamos calar a boca e vamos disputar, Ver. Elói Guimarães, palmo a palmo, a sensibilidade e a compreensão de cada uma das pessoas que está nesta sala, partindo de uma posição antipática, que é a posição de sustentar o veto, de uma posição difícil com a complexidade que cada um que interviu aqui reconheceu, pois o que está em jogo não é somente a questão da funcionalidade do Município que deve ser, evidentemente, uma preocupação de qualquer cidadão de Porto Alegre, porque eu dizia ao Ver. Dib que ele esqueceu, ele que é o nosso melhor especialista, de recordar o fato que 10% dos recursos do Município estão mensalmente comprometidos para pagar a dívida acumulada do Município até o ano 2.005. Já tem que tirar 10% deste quadro. Ninguém falou, também, que seria interessante, além de comprar alguns clipes, nós tivéssemos recursos para fazer os serviços básicos da Prefeitura antes de projetos de maior fôlego. Isto também não está contemplado, porque a discussão, inclusive, dos nossos adversários políticos é até onde sobra ou não sobra. Me deu um pouco de lástima que determinados Vereadores subissem à tribuna para dizer, tomando um salário individualmente, não o conjunto dos mil e setecentos, que, afinal, quase colocando no ridículo, que isso aí não tem nenhuma importância. Os nosso cálculos é que este aumento que existirá com a queda do veto implica, hoje, antes do outro aumento, quinhentos e um mil cruzados novos, isto é, 8% do total da folha. Eu gostaria de dizer especialmente ao Ver. Zanella que eu, pelo menos, gostaria de tirar uma outra coisa desta, no dia de hoje. O ITBI, tão apregoado, vai embora. Todos os recursos novos que ele trará, irão pelo menos a nível de 85%, para pagar o resultado deste atendimento da reivindicação dos técnico-científicos. Então, pelo menos quando nós formos discutir o assunto dos salários do conjunto dos funcionários, vamos fazer um acordo, já não se fala do ITBI, porque este já não vai ter mais.

 

O Sr. Artur Zanella: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Já que eu fui citado e o ITBI foi vetado, eu quero dizer a V. Exª que se o ITBI ainda não entrou foi fruto da incompetência, não sei de quem, do seu Governo, porque no final de dezembro o Sr. Antonio Hohlfeldt, em nome do PT, pediu para retirar o Projeto do ITBI. No mês de janeiro não foi convocada a Câmara para a sua votação. A Câmara foi convocada no final de janeiro, retirado novamente o ITBI. Em fevereiro não foi convocada a Câmara para a votação do ITBI. Em março só foi votado porque a Câmara autoconvocou-se, e porque o Sr. Prefeito não convocou. O resultado disso é que, há dois meses, ou durante esse prazo, ninguém vai pagar o ITBI em Porto Alegre, e os advogados desta Cidade, os empresários, os especuladores desta Cidade estão celeremente correndo, para registrar as suas vendas nesse período, em que, por incompetência do seu Secretário da Fazenda, ele não está sendo cobrado.

 

O SR. FLÁVIO KOUTZII: Efetivamente, e não foi com a sua colaboração, que o Partido dos Trabalhadores lutou nesta Casa para fazer uma alíquota crescente no Intervivos, visão diferente da sua, a nível de classe e a nível de política, porque nós temos uma visão que os que têm mais devem pagar mais. Quando nós vimos que esta Emenda e esta posição não tinha uma boa acolhida nesta Casa, preferimos passar, sim - e foi muito oportuno - um período de negociação. Perderemos. Com ela alcançamos 3% e não 2, perderemos um mês e meio de arrecadação, mas ganharemos por quatro anos um nível de arrecadação superior e, certamente, isto interessa aos funcionários que aqui estão. Para encerrar, eu gostaria, então, de deixar claro o que eu estava colocando - fui interrompido - com isso e terminar a minha intervenção: respeitando as diferenças políticas que certamente existem não só neste Plenário mas também nesta sala, que o que está em jogo, também, é uma preocupação de provar - não pressuponho que os senhores que aqui estão sejam petistas ou não, da Administração Popular ou não - o que está em jogo, e este foi o sentido da denúncia aqui feita, é a tentativa de demonstrar que um partido dos trabalhadores, quando chega ao Governo, não é capaz de consolidar o seu governo à sua qualidade de administração e resolver os impasses que tenha. É por isto, sim, que há uma situação diferencial. Quem vai ter, realmente, que provar que os nossos dados não são exatos são aqueles que têm argüido esta imprecisão. Nós dizemos: há um impasse nesta Cidade, porque este debate específico, ao qual os senhores vieram hoje se fazer presentes e, portanto, expressar a sua vontade e a sua posição, está completamente ligado ao fato do reajuste salarial. A combinação destes dois fatos é que coloca uma multiplicação de impasses ao nível da folha e é isto que eu dizia, é um tema de todos nós e não do Partido dos Trabalhadores. Muito obrigado.

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Com a palavra, o Ver. Clóvis Brum pelo tempo que lhe cede o Ver. Luiz Machado.

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, ao término do discurso do Líder do PT, dirigido todo ele às galerias, eu gostaria de lembrar à Bancada do PT, em especial, que tenho todas as credenciais para defender esta Emenda vetada pelo Executivo e votada nesta tarde. Por que tenho estas credenciais? Porque em todos os Projetos que a Administração do Prefeito Olívio Dutra encaminhou a esta Casa votei favorável. Na criação dos dois impostos novos no Município votei favorável.

Os recursos serão viabilizados para Administração do PT e, se não tivesse sido o Prefeito anterior, teria que ser o Prefeito Olívio Dutra. Rigorosamente, o Prefeito Olívio Dutra tentou alterar a alíquota do Imposto sobre Transmissão da Propriedade e até conseguiu. Nós concordamos. Eu votei com o PT por 3% e pedi à Bancada do PMDB, implorei aos meus companheiros, que dessem esta quota de sacrifício pela administração do PT, sim. Então, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós temos credenciais para defender também a aplicação de parte destes recursos. Agora, quanto às isenções referidas por um dos Vice-Líderes do PT nesta Casa, quero lembrar que o PT queria a isenção na compra da casa própria de até 8 mil e nós elevamos para 12. Queria o PT, nem queria isentar, queria manter com 3% o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço do trabalhador aplicado na compra da casa própria. Nós conseguimos reduzir de 3% para 0,5%, e por nada não ficaram filhos de casais separados com um único imóvel, cujo imóvel destinado à guarda e moradia destas crianças não ficaram gravados em 3%. Aliás, ficaram além de 12 mil cruzados, até 12 mil é isenção. Então, as isenções apresentadas, e hoje é Lei, são mínimas em relação à grande receita que o Sr. Olívio Dutra vai receber deste importante imposto que era arrecadado pelo Estado.

Agora, o Vice-Líder do PT vem à tribuna pedir que ajudemos a encontrar uma solução para os problemas da administração. Em primeiro lugar, é um pedido sensível e que até acho desnecessário, diria até infeliz, porque esta Casa sempre participou dos problemas da administração desta Cidade. É aqui que se dá a definição dos grandes problemas da administração desta Cidade. Agora, ao que a Casa não pode ser concitada, e aí quero ter a compreensão da Bancada do PT, é a que nós todos nos unamos para viabilizar a realização das promessas impensadas do PT na campanha eleitoral. Aí é impossível, não há como realizar. É, Vereador e meu fraterno amigo José Valdir, nada melhor do que um dia atrás do outro. Hoje, são os funcionários públicos, amanhã, serão os moradores das vilas e assim, sucessivamente, todos os dias e em todos os momentos de votação nesta Casa, o PT começará mostrar as suas unhas, não tenhamos dúvida disso. Não é que o PT seja mau. Eu acho o PT uma beleza de Partido, só que fala demais. Falou demais e vai pagar, porque falou demais; prometeu demais e vai pagar porque prometeu demais; foi leviano na campanha eleitoral. Eu não vou fugir do assunto que é funcionalismo público. Agora, prometeu o transporte coletivo e não cumpriu; prometeu funcionalismo público bem pago e não vai cumprir, não cumpriu e não vai cumprir. Recursos não faltam para esta despesa ser paga. Pode vir aqui o nobre líder do PT, com a sua extraordinária e notável competência, habilidade inquestionável, querer dar uma outra versão para a discussão que se trava hoje. Não tem, Ver. Flávio Koutzii, meio termo: ou se dá aumento para o funcionário ou não se dá; ou se paga funcionário ou não se paga. Não tem conversa mole hoje. Hoje, é isto: ou se está ao lado do funcionalismo ou se está contra. Não tem conversa. Agora, dizer e negar que a direção do Sindicato dos Funcionários Municipais não esteja sendo dirigida pela militância do PT! Antigamente a Associação dos Funcionários contava até três e estavam em greve no outro dia; hoje estão em negociações. Há momentos, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em que homens da cultura e do passado, do passado que há de honrar todos os brasileiros que o conhecem, da envergadura, da têmpera e da raça do Ver. Flávio Koutzii, Líder do PT - e digo à Casa com a maior tranqüilidade, tenho grande orgulho, e tenho falado aos meus amigos e no meu lar que estou numa Casa que tem um Ver. Flávio Koutzii, homem que não mediu nem vacilou um só milímetro nas posições mais históricas contra a repressão neste País - se vêem, como nesta tarde eu vejo o Ver. Flávio Koutzii, com tristeza e com constrangimento, numa defesa melancólica, porque V. Exª é executivo. Talvez seja fácil fazer o discurso da Oposição, fazer o discurso que agrada à galeria, fazer o discurso para o aplauso fácil; mas nesta tarde não está se agradando à galeria, se está tentando consagrar uma conquista dos funcionários municipais, uma conquista que não veio por acaso, que lhe custou também lutas. Os funcionários não ganharam presente nem benefícios, os funcionários conquistaram esta posição que está para julgamento nesta Casa, para julgamento da consciência política de cada integrante desta Casa. Negar que hoje se vota com consciência política, não. Não, não se pode negar. Hoje, também o voto é político. O voto é hoje a expressão do que será a Casa, a Câmara e o Executivo.

Acho que o Ver. Nelson Castan andou percorrendo os caminhos para dizer exatamente isto: o que se vê hoje é a posição do Executivo daqui para diante. Diz o nobre Ver. Flávio Koutzii, e eu ouvi com muita atenção, que os técnico-científicos representavam um pedaço da Prefeitura. E eu me questionei, Sr. Presidente, e não sei se faço um bom julgamento desta frase: será que um pedaço usado na campanha e no voto foi agora jogado fora?

Vamos ver depois da votação do Veto. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Aranha Filho que cede seu tempo ao Ver. Artur Zanella.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, nós saímos desta Casa ontem às 21 horas, discutindo o problema da intervenção de transportes. Talvez hoje não se chegue às 21 horas, mas às 20 horas nós chegamos. E é importante, principalmente para mim, que sou de uma Bancada pequena e depois de ter sido tantas vezes citado o meu Partido, que o Ver. Aranha Filho me ceda este tempo. Porque quero que os funcionários públicos técnico-científicos que aqui estão lembrem que na gestão do Dr. João Antônio Dib, que não é mais do meu Partido, ou eu não sou mais do Partido dele, se criou, ao final do seu governo, uma comissão paritária de quatro Vereadores, quatro funcionários e quatro Secretários, para que houvesse ou não a reposição salarial. Tendo essa comissão chegado à conclusão que deveria haver uma reposição salarial, o Prefeito João Antônio Dib procurou o Prefeito eleito Sr. Alceu Collares, tendo procurado, antes, todos os candidatos, para saber se poderia fazer ou não certos compromissos que avançariam no outro governo. E o Dr. Dib foi acusado, pelo Dr. Collares, de deixar dívidas. Foi citado, também, o Governador Jair Soares, eleito pelo povo, de também ter deixado, segundo o Ver. José Valdir, um arrocho; o PMDB, diz que ele comprometia toda folha de pagamento. E fala o Ver. Flávio Koutzii, e eu venho aqui principalmente para responder ao Ver. Flávio Koutzii, pelo respeito que lhe dispenso, pelo seu cavalheirismo de ter me dado um aparte naquele momento citado nominalmente, que fala que existe uma desmoralização dos funcionários públicos como se fossem vadios e que os meios de comunicação assim o fazem e o PT não o faria. Não é verdade, Ver. Flávio Koutzii. Quem primeiro desmoralizou os funcionários da Prefeitura, e não com a proposta de demissão de 5 mil funcionários, mas com a demissão de 3 mil, foi o Sr. Tarso Genro. E digo sempre o brilhante Dr. Tarso Genro, Deputado Federal, Secretário do Governo, Vice-Prefeito, Prefeito e mais alguns outros adjetivos que eu poderia dizer hoje. Quem falou em demissão de cinco mil funcionários ociosos foi o Secretário da Administração, Dr. Jorge Buchabqui, e a Drª Lires Marques, Diretora do DEMHAB, que não somente falou, ela demitiu funcionários doentes, funcionários estáveis. E, aquela funcionária, que eu disse desta tribuna que era estável e havia sido demitida, foi reconduzida, está trabalhando e sempre trabalhou. Também se fala em diálogo, o diálogo que tive até este momento, estavam lá os Vereadores Luiz Braz e Vieira da Cunha, foi a chegada atrasada do Sr. Olívio Dutra numa reunião, sentou cinco minutos, disse que dava 20% e que não poderia dar mais e que tinha que dar uma entrevista na televisão e fazer panfletagem, e foi embora deixando o Dr. Tarso Genro no comando da reunião e dizendo que iria dar 20% e era aquilo. E se fala em diálogo com o Dr. Verle! Vai haver, sim, amanhã, às 16 horas, sendo que às 17 horas tem uma Sessão Solene desta Câmara em homenagem à Semana de Porto Alegre. Espero que isso não seja o mesmo debate, Dr. Verle, como no do rádio, quando disse a ele que ele estava cobrando errado, e que era uma fraude, o IPTU, o Predial, que foi aprovado por esta Casa para pagamento em 12 parcelas, e que está sendo cobrado em 8 no Predial, 4 no ISSQN e 4 no Territorial, o que aumenta o percentual, onde o Dr. Verle disse na Rádio Gaúcha que eu vendesse a minha casa. Eu disse-lhe que não era corretor de imóveis e aí ele disse que o que eu queria era aparecer politicamente, ao que rebati dizendo - e me arrependo - que não precisava aparecer porque eu tinha sido eleito duas vezes para isso aqui e que não era suplente. Me arrependo de ter dito isso. Disse também o Vereador que esta Câmara fez um cerco ao governo e eu digo aos técnico-científicos que aqui estão que se nós não tivéssemos aprovado aquele Plano de Carreira, naquela oportunidade, nós estaríamos, hoje, discutindo, se ele seria bom, se não ia ser bom, porque se esta Lei que nós aprovamos, que diz que o aumento é automático pelos índices oficiais não está sendo cumprida, os Senhores imaginam o que viria depois. E, de mais a mais, vou repetir, o Sr. Olívio Dutra, o seu Governo não mandou até hoje um projeto para esta Casa, a não ser um Projeto inútil, porque o aumento de janeiro e fevereiro era automático, auto-aplicável. Não mandou nenhuma alteração no Plano de Carreira. Não mandou nada. Só trouxe vetos contra os funcionários. Não tem um Veto nesta Casa que tenha sido a favor de funcionário. Nenhum.

E esse Plano de Carreira nós discutimos o ano inteiro, o ano passado e chegou aqui no dia 10 de novembro quando não se sabia quem seria o Prefeito da Cidade.

Quanto a incoerência, tenho aqui o discurso do Ver. Antonio Hohlfeldt do dia 7 de novembro de 1988, antes das eleições. E, o Ver. Antonio Hohlfeldt dizia, está aqui o seu discurso em nota à imprensa, que: “Hohlfeldt denuncia graves distorções no orçamento da Prefeitura” e, dizia que o Prefeito Collares pretendia fazer um arrocho no próximo ano. Que ele tinha subido o imposto em 600% para 1989 e que a previsão de despesa com o funcionalismo ficava em apenas 395%. Nesta época o Sr. Antonio Hohlfeldt achava 600% muito. O Dr. Verle, hoje, acha 600% pouco. Ingrato com esta Casa, que aumentou os seus impostos, e para que os técnicos saibam que o que nós não aceitamos foi que quisesse subir o imposto que era de 2% para 5% sem nenhuma isenção. E, isso foi evitado, não por mim, que até nem participei muito das reuniões, mas da Comissão Especial presidida pelo Ver. Clóvis Brum, a quem faço justiça neste momento.

Agora, o Sr. Antonio Hohlfeldt à época achava que tudo era pouco. Ele deve achar pouco os 626 milhões antigos que com a intervenção a Prefeitura Municipal de Porto Alegre já está devendo para os empresários de ônibus, mais os 127 milhões de cruzados que tem que pagar por semana para os empresários de ônibus de Porto Alegre, mais 41% disto. E para que os funcionários da Prefeitura, principalmente os da SMT saibam, não para ajudar a pagar as dívidas que os funcionários de São Paulo deixaram em hotel, comida, bebida alcoólica em restaurantes desta Cidade, que nós vamos, pela CPI, trazer aqui. Então, os funcionários da SMT que saibam que enquanto está-se chorando que não tem dinheiro, os funcionários de São Paulo estão comendo e bebendo à custa deles. Vou provar, e vou fizer o hotel, e vou trazer a nota, porque já vi a nota, à custa do dinheiro da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, pago pela SMT, pago pelas empresas. E alerto aos funcionários que são interventores nas empresas, que estão assinando estas notas, que o dia em que o Tribunal de Contas verificar que foi paga comida e bebida, inclusive, bebida alcoólica, que isto vai ser cobrado é deles também, dos funcionários, que pensam que estão lá tentando salvar uma coisa, mas, estão fazendo outra.

Então, o Ver. Antonio Hohlfeldt, que em novembro dizia que 600% era muito, que os funcionários tinham que ganhar mais, já botou fora nesta aventura mais de um bilhão de cruzados antigos. Isto é mais que o ITBI que está sendo colocado aqui. Isto é mais que os técnico-científicos irão ganhar com esse aumento.

É por isso, Sr. Presidente e Srs. Vereadores que vim à tribuna mais uma vez, para dizer que repto qualquer técnico da SMA que aqui estiver, da SMIC, do DEMHAB, da SMT, se um dia, se uma vez só, nos 9 anos em que fui Secretário nestes locais, se persegui alguém, se prejudiquei alguém, ou se puni alguém injustamente.

 

O Sr. José Valdir: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador e da Mesa.) Eu não sei se o Vereador percebe a gravidade desta acusação de que a Prefeitura agora está pagando bebida alcoólica para os funcionários da intervenção. Então, gostaria de registrar isto, porque é uma acusação muito grave, muito séria e que vamos averiguar.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Não é uma acusação, Vereador, é constatação e uma comunicação.

 

O Sr. José Valdir: É uma acusação feita em público. E o Vereador tem que se responsabilizar por ela.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: É uma comunicação, uma constatação e vou mandar a cópia para V. Exª, quando a CPI tiver em mãos todas estas notas e com os endereços, datas e locais desses almoços e jantas. Muito obrigado.

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Lauro Hagemann.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, os meus cabelos brancos podem servir de referência a muitas coisas que já vi na minha vida. E esta tarde estamos assistindo a uma sessão surrealista. Parece que a assistência que nos prestigia nesta tarde fez assomar ao arroubos oratórios de muitos companheiros Vereadores com cuja saúde me preocupo, porque alguns a continuarem no ritmo em que estão enveredando vão acabar tendo um ataque apoplético aqui nesta tribuna. O jovem doutor e colega pode corroborar esta preocupação. Mas eu gostaria de dizer com toda a clareza para os técnico-científicos do Município a minha posição, a posição do meu partido na questão desse Veto. Não sou homem de ficar escondido atrás de declarações sub-reptícias, de tergiversações, de escamoteações. Quero dizer de claro e alto, bom som que, fazendo parte da Administração Popular de Porto Alegre, meu Partido se alinha naturalmente ao lado do Executivo, porque nós entendemos que temos uma responsabilidade para dirigir esta Cidade da melhor maneira que nós tivermos, como competência, com todas as qualificações e desqualificações que porventura nós tenhamos.

Assumimos a Prefeitura há menos de três meses. Parece, pelos discursos que me antecederam, que a Frente Popular é culpada de uma série de coisas que nós, honesta e sinceramente, não podemos aceitar. A herança que nós encontrarmos na Prefeitura, sem querer fazer alusões a quem quer que seja, sem pretender ofender a ninguém, não foi das melhores.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Lauro Hagemann, permita-me interromper, apenas por um minuto, a sua intervenção para comunicar, na forma regimental, a prorrogação do prazo da presente Sessão por mais duas horas.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, retomo, na medida do possível, a minha linha de raciocínio. Eu dizia, e volto a repetir, para que não paire dúvida, que o meu voto será pela manutenção do veto. E o Veto não foi aposto a este Projeto, a esta Lei, pelo Prefeito Olívio Dutra. O nobre Ver. Zanella que me perdoe, o Veto é do Prefeito Alceu Collares. Não vou polemizar sobre isso, porque não tem, realmente, grande importância. Aparentemente. Aparentemente. Agora vou-me dirigir aos técnico-científicos do Município, e me perdoem, pois é anti-regimental: já foi dito, e há de se comprovar, que a manutenção do art. 55, e seu parágrafo único, na Lei do Plano de Classificação de Cargos no Município - e é o que se discute hoje - vai exigir do Executivo um dispêndio de recursos que vai onerar o erário e vai retardar pelo menos a execução de serviços fundamentais a esta Cidade. Os funcionários têm todo o direito de se movimentar, de pressionar, de fazer tudo que fizeram e estão fazendo, para preservar o seu benefício. Não sou eu, com uma tradição sindical, que vou lhes negar este direito, e até esse dever. Mas, como membro da Administração Municipal, co-responsável pelos serviços essenciais que devem ser dirigidos ao público em geral, mais de um milhão de habitantes desta Cidade, eu tenho que me conformar com a posição do Executivo. Sei que o Veto vai ser recusado; a exposição dos nobres Vereadores já foi suficientemente clara. Mas, à raiz deste problema, eu me permito fazer uma colocação: a Administração Popular, nos seus 3 meses de atuação, já vem sendo suficientemente contestada, para desacreditá-la, para dizer que uma administração popular não tem competência - e esta palavra competência foi dita muitas vezes aqui nesta tarde - para dirigir uma cidade. Este ano nós vamos ter eleições presidenciais. Não haverá, por trás de tudo isto, uma tentativa de desmoralizar uma administração popular, progressista? E, aí, eu queria pedir, fraternalmente, a atenção de alguns companheiros do PDT, porque o PDT, para nós, é um partido progressista, popular, ao contrário de outras Bancadas nesta Casa, com todo o respeito, que representam os setores conservadores, retrógrados e até reacionários. O PDT, no meu juízo, está fazendo o papel destas Bancadas retrógradas, inviabilizando uma administração popular. Não se trata de criticar, a crítica é necessária e justa. Estou tomando este Veto de hoje como um dos aspectos, não é o aspecto. Estou seriamente preocupado, porque parece que a eleição presidencial obumbrou os espíritos de alguns companheiros do PDT. Obumbrou, ensombreceu. Umbra, do latim, sombra. Isto serve para um breve intervalo de amenidades, para desobumbrar o ambiente. Srs. Vereadores, esta é a colocação que eu devia fazer, o tempo é exíguo, não quero me ocupar mais, até porque a tarde já vai longa, muitos dos companheiros estão já cansados e tudo o que nós dissermos não vai modificar o resultado desta votação, que já está antecipadamente decidida. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga): Encerrada a discussão. Em votação. (Pausa.).

A votação é secreta. Os Vereadores Martim Aranha e Antonio Losada farão a fiscalização dos votos.

A orientação da votação é a seguinte: na apreciação do Veto, vota-se o projeto - “sim”, aprova o Projeto e rejeita o Veto; “não”, rejeita o Projeto e aceita o Veto.

Solicito ao Sr. 1º Secretário que proceda à chamada nominal.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO: (Após proceder à chamada.) Votaram 32 Srs. Vereadores, Sr. Presidente.

(É procedido o escrutínio.)

 

O SR. PRESIDENTE: REJEITADO o Veto Parcial aposto ao PLE nº 141/88, por 21 votos SIM contra 11 votos NÃO.

 

PROC. N° 2187/88 – VETO PARCIAL ao Projeto de Lei do Executivo nº 110/88, que institui o Fundo de Manutenção e Conservação dos CIEMs - Centros Integrados de Educação Municipal e Escolas Municipais - FUNCIEM e dá outras providências.

 

Pareceres:

- da CFO. Rel. Ver. Flávio Koutzii: pela rejeição do Veto;

- da CEC. Rel. Ver. Cyro Martini: pela rejeição do Veto;

- da CUTHAB. Rel., Ver. Wilton Araújo: pela manutenção do Veto.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLE nº 110/88 - Veto Parcial. (Pausa.) Em votação. (Pausa.)

Concedemos a palavra ao Ver. Clóvis Brum, para encaminhar.

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, apenas para dizer que o PMDB vota contra o Veto, pelo Projeto, num reconhecimento à participação da comunidade junto aos CIEMs. Acredito que toda a Casa vai-se inclinar pela rejeição desse Veto, Veto infeliz, nada oportuno e que tenta retirar a participação da comunidade dos destinos de tão importante obra educacional da própria administração do Sr. Alceu Collares. Por isso, encaminhamos contrário ao Veto e pela manutenção do Projeto. Sou grato, Sr. Presidente.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A palavra, por cinco minutos, com o Ver. Artur Zanella.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, parece-me, pela análise da documentação, que a aceitação do Veto seja a medida mais adequada. Mas, gostaria de ampliar um pouco mais esta análise dizendo que lamento, até como uma experiência educacional que deveria ser acompanhada, que os CIEMs tenham o seu trabalho e a sua ação desvirtuada neste momento. Não faço cálculos, como o Ver. Vicente Dutra fez uma vez, por exemplo, mas vai levar 40, 50 anos, sei lá, para atender a toda a população de Porto Alegre, porque imagino que os CIEMs devam ser implantados em locais de carência quase absoluta. Acho que até para uma análise do seu funcionamento, no mínimo um, dois ou três devessem funcionar pelo sistema através do qual foi implantado, para que, efetivamente, não se perca essa experiência e não se perca até o treinamento de pessoas que, em época oportuna ou com outro governo, possam desempenhar suas tarefas nesses CIEMs. Para não dizer para alguns, Ver. Lauro Hagemann, que parece que depois de seis anos de convivência, ainda não me conhece bem. Diria ao Ver. Lauro Hagemann, em primeiro lugar, que não se preocupe com a minha saúde em termos de intervenção aqui nesta Tribuna. Essa vai muito bem, a saúde, Vereador. Só não posso ver o meu nome citado da forma mais injusta possível. Efetivamente há uma ira cívica neste momento. Mas para que o Ver. Lauro não leve a má impressão no dia de hoje, sempre tenho dito que o Ver. Lauro Hagemann é um poder moderador aqui nesta Casa. É uma pessoa que é consultada sempre que se necessita de um conselho, queria dizer a S. Exª que um Vereador desta Casa sabe que a entidade que eu mais tenho contato na Vila Restinga foi por mim colocada à disposição da Prefeitura Municipal de Porto Alegre para evitar que se fizesse mais críticas ao fato de que, com o fechamento dos CIEMs para o turno único, as crianças perambulassem pelas ruas. Pedi a criação de uma Comissão de técnicos da Prefeitura e outros para a Sociedade Recreativa e Beneficente Estado Maior da Restinga a fim de que naquela área que, pela manhã e, principalmente, à tarde fica ociosa, crianças que não têm, hoje, lugar para ficar, eis que os CIEMs não são mais de turno único, pudessem lá permanecer.

Então, temo efetivamente pela experiência dos CIEMs em termos de custo. Mas, creio que todo o dinheiro gasto em educação e com a criança é um dinheiro bem utilizado, mesmo que o custo-benefício dos CIEMs seja tão grande. Por exemplo, um dos melhores funcionários que tive, trabalhou comigo, era meu homem da maior confiança, foi homem da maior confiança do Mano José, do Rafael Santos, do Pujol, que é Paulo Müzzel de Oliveira, hoje Presidente da Carris, há poucos dias fez uma análise contra os CIEMs dizendo que eram anti-econômicos. Até acredito que o sejam, mas serão anti-econômicos a serviço da população. Disse isto ao Economista Paulinho, hoje Dr. Paulo, ilustre Presidente da Carris, de que os CIEMs, apesar do seu alto custo, provavelmente inviáveis até, em grande número, mas mereciam ao menos, um acompanhamento de custo para que pudessem ser melhor apreciados e analisados.

Este veto, Sr. Presidente, permite um controle maior sobre o custo e administração dos CIEMs. Por isso votarei a favor de sua manutenção. Muito obrigado.

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Encaminha, pelo PDS, o Ver. Vicente Dutra.

 

O SR. VICENTE DUTRA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o PDS vai votar pela rejeição do Veto. Este Vereador, particularmente, tem feito críticas veementes dentro e fora desta Casa, pela imprensa, à atuação do Governo Popular de Porto Alegre. Abre uma exceção, entretanto, para a educação. Realmente, é um oásis dentro da Administração Municipal de Porto Alegre, o setor educacional. Nós concordamos em gênero e número na linha adotada hoje pela Secretaria de Educação. Nos impressionou muito o debate feito com esta Casa, o debate feito com a Srª Secretária. Entendemos que aquela autoridade educacional está bem firme em seus propósitos e tem um amplo conhecimento da matéria que administra, e administra muito bem, na Secretaria de Educação e Cultura.

Ao fazer esta declaração não significa que estejamos contra o CIEM. Já manifestamos isto. Como experiência, concordamos com ela. Mas, querer implantar uma experiência em Porto Alegre que vai levar 140 anos, no ritmo como foi implantada pelo Governo Alceu Collares, que já vinha com a experiência do Rio de Janeiro, e que era o cavalo de batalha da Administração Alceu Collares, e que conseguiu implantar nove, que é o que realmente está funcionando em Porto Alegre, veremos que para implantar 350 escolas tipo CIEMs, nós vamos levar, nada mais, nada menos do que cem anos para conseguir este objetivo. Tem pouquíssimas escolas com atendimento ótimo e, quando tem em sua quase totalidade as escolas com atendimento péssimo, nós ficamos então com o meio: que é dar ensino e vagas a todos e nesta linha concordamos plenamente com a Srª Secretária e com a Administração Popular. Agora, esses alunos, esta é uma preocupação que deve ser encarada, das comunidades de periferia, das mais carentes, naquele período em que não está freqüentando a escola, para que não fiquem aprendendo o que não devem, então que se organize atividades de lazer nas comunidades, mas sem precisar ficar vinculada a escola. Pode-se agrupar duas, três, cinco ou dez escolas e ali desenvolveram jogos e lazer numa área determinada do bairro. Há necessidade de equipamento e esse é o grande defeito do CIEM, porque ele necessita do equipamento e o Brasil não tem dinheiro para equipamento e muito menos Porto Alegre. Precisa de um ginásio esportivo em cada CIEM e não tem dinheiro para isto. Precisam de uma grande cozinha e não há dinheiro para isto. Então, que se faça uma cozinha regional, que se dê alimentação que isso é importante para a criança, nada contra, e à tarde ou pela manhã, na hora em que a criança não está na escola, que se dê atividades outras, extra-escolares para ocupar esta criança. Mas o importante é o ensino básico, isto deve ser estendido a todas as crianças de Porto Alegre. Nós sabemos que grande faixa da população não está sendo atendida e se está, está pessimamente. Por isso votamos rejeitando o veto, porque entendemos que a comunidade participando aí mudará a verdade educacional, baseada na realidade e teremos o CIEM orientado para seu desígnio que é importante. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Para encaminhar, com a palavra, o Ver. José Valdir.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, vou ser bem curto na minha colocação, porque não se trata aqui de colocar posição que já é por demais conhecida, a respeito da questão dos CIEMs. O que estamos discutindo é a gestão de determinados recursos e o Veto vem em cima desta questão, da gestão dos recursos. E quero colocar que esta posição está muito bem desenvolvida no Parecer do Ver. Cyro Martini. É uma velha reivindicação do movimento dos professores, do movimento comunitário, dos Círculos de Pais e Mestres dentro das escolas que há muito tempo reivindicam que determinados recursos sejam repassados para as escolas e quem decida a aplicação destes recursos é a comunidade escolar através das suas organizações. No caso das escolas estaduais são os CPMs.

Então, por uma questão de coerência e até fiel ao que o movimento comunitário vem reivindicando há muito tempo, nós somos inteiramente a favor da manutenção do texto original que garante que estes recursos sejam geridos pela comunidade escolar através da direção da escola, do Conselho, eleitos pela comunidade. Então, o nosso encaminhamento acompanha o Parecer do Relator pela derrubada do Veto. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Encerrados os encaminhamentos, entramos no processo de votação.

Convido o Ver. Mano José e a Verª Letícia Arruda para fiscalizarem os trabalhos.

O Sr. 1º Secretário procederá à chamada nominal dos Srs. Vereadores para a votação.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO: (Após proceder à chamada.) Votaram 31 Srs. Vereadores, Sr. Presidente.

 

(É procedido o escrutínio.)

 

O SR. PRESIDENTE: APROVADO o PLE nº 110/88. REJEITADO o Veto Parcial aposto ao PLE nº 110/88, por 23 votos SIM contra 08 votos NÃO.

Há sobre a mesa um Requerimento de autoria do Ver. Wilton Araújo, de Voto de Congratulações com o escritor Carlos Nejar, por sua posse na Academia Brasileira de Letras. Em votação. (Pausa.) Com a palavra, para encaminhar, o Ver. Isaac Ainhorn.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, quero apenas encaminhar aqui, com muita satisfação o Requerimento encaminhado pelo Ver. Wilton Araújo com o escritor Carlos Nejar por sua posse na Academia Brasileira de Letras. Mas, Sr. Presidente, estou preocupado porque é uma tradição na Academia e dos Estados a que se encontram vinculados os acadêmicos indicados, nomeados, de que o governo do Estado normalmente concede o fardão para a investidura do acadêmico na Academia Brasileira de Letras. No entanto, parece que o Governo Pedro Simon até agora não manifestou a intenção de subsidiar, de pagar o fardão do acadêmico Carlos Nejar, que é um motivo de muito orgulho e satisfação. Eu até sugiro que caso o governador não viabilize, que esta Câmara busque uma solução porque exatamente é um orgulho para nossa Cidade e para o nosso Estado ter a figura expressiva do poeta maior Carlos Nejar ocupando a Cadeira de Viana Moog na Academia Brasileira de Letras. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Clóvis Brum também faz o encaminhamento, pelo PMDB, do Voto de Congratulações com o escritor Carlos Nejar.

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o PMDB encaminha favoravelmente a proposição do nobre Ver. Wilton Araújo. Agora, quero dizer que segundo informações extra-oficiais, me parece que o Governo do Estado já mandou preparar o fardão para que o novo acadêmico e gaúcho receba esta que é uma tradição dos governos estaduais, e tranqüilizar ao Ver. Isaac Ainhorn que tenho certeza, S. Exª como bom judeu que o é, contribuiria na compra deste fardão. Então, Sr. Presidente, tranqüilizo o nobre Ver. Isaac Ainhorn com referência a esse fato. O Governo do Estado vai providenciar, tenho certeza, nessa que é uma tradição dos governos estaduais. Votamos favoravelmente. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. FLÁVIO KOUTZII (Requerimento): Sr. Presidente, com todo respeito e seriedade, eu queria que o próprio Ver. Brum pedisse a retirada dos autos dessa observação que ele fez sobre ser judeu ou não ser judeu. Eu também o sou e tenho uma opinião, com todo respeito a todas convicções e religiões. Tenho 46 anos e sei que a palavra judeu, além de identificar um povo, uma raça que está ligada à história de um Estado, tem, muitas vezes, uma conotação ofensiva, como também tem o uso da palavra turco. Eu não uso nem uma nem outra e gostaria que nós não acolhêssemos esse tipo de adjetivação, quer dizer, o Ver. Isaac fará ou deixará de fazer não porque é judeu ou não é, mas pela opinião que tenha sobre as coisas. Eu me sinto também concernido pela observação, não acho nenhuma graça e pediria a reconsideração do meu amigo e Vereador Brum. Muito obrigado.

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Apenas quero dizer que efetivamente não se pode negar que o Ver. Isaac seja judeu e quero tranqüilizar o Ver. Flávio Koutzii que talvez S. Exª não pensasse em chegar a esta Casa e eu já defendia não só o sionismo - talvez ele não o defenda - mas a própria comunidade judaica, com sucessivas Sessões Solenes e agradáveis discursos. Portanto, mantenho na íntegra o meu pronunciamento. Muito obrigado.

 

O SR. FLÁVIO KOUTZII: Com o meu protesto, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE: Está registrado o protesto do Ver. Flávio Koutzii.

Em votação o Requerimento de autoria do Ver. Wilton Araújo. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Submetemos ao Plenário, também, Requerimento de autoria do Ver. Vicente Dutra, de Voto de Congratulações com o Tribunal Federal de Recursos e com os Juízes Federais nomeados para integrar o Tribunal Regional Federal. Em votação. (Pausa.) Com a palavra, para encaminhar, o autor da proposição, Ver. Vicente Dutra.

 

O SR. VICENTE DUTRA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, este Requerimento é um Voto de Congratulações com o Tribunal Federal de Recursos, que é lá de Brasília e que julga as causas em que a União é autora ou ré, lembrando àqueles que não são Bacharéis e atentos às atividades deste Tribunal que foram criados cinco tribunais regionais. Porto Alegre acolhe um tribunal regional e esse tribunal estará sendo instalado amanhã, inclusive aqui próximo, na rua Washington Luiz, 820. Então, é um fato da mais alta relevância para esta Cidade a instalação de um tribunal regional federal, uma novidade da atual Constituição, e parece que passou em brancas nuvens nesta Casa. Então, entendi de registrar esse fato através de Voto de Congratulações. O que ocorre, e foi muito bem alertado pelo Ver. Lauro Hagemann, é que um dos juízes que está sendo empossado amanhã, segundo é veiculado pela imprensa, é sócio do Deputado Nelson Jobim. Ainda não se sabe ao certo se, realmente, existe uma ação para sustar a posse desse juiz.

Mas, solicito que os Vereadores aprovem esse Voto de Congratulações com o Tribunal, pela instalação, e que não se encaminhe a comunicação a esse juiz até que se saiba se ele vai assumir ou não. Os demais, são homens do mais alto conceito jurídico, como Valdir Fagundes, Pedro Máximo Falcão, enfim, pessoas sobre as quais não pairam dúvidas quanto à sua capacidade. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento ora apregoado. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

(Obs.: Foram aprovados os demais Requerimento constantes na Ata.)

 

Solicito ao Sr. Secretário que proceda à leitura de Ofício encaminhado pelo Sr. Prefeito a esta Casa.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO: (Lê.)

“Of. nº 233/GP                              Paço dos Açorianos, 21 de março de 1989.

Senhor Presidente:

Encaminho a V. Exª e a seus dignos Pares Veto Parcial ao Projeto de Lei Complementar do Executivo, PLCE nº 017/88, que institui e disciplina o Imposto sobre a transmissão “Inter-Vivos”, por ato oneroso, de bens imóveis e de direitos reais a eles relativos, tendo em vista a aprovação de emenda que modificou o conteúdo do projeto original e, pelos motivos e razões de direito que aduzo: VETO a totalidade do artigo 32.

Convém destacar a preocupação do Legislativo com a infra-estrutura do Município. Aliás, esta é uma das metas que a Administração Popular pretende atingir objetivando melhorar as condições de vida dos porto-alegrenses, principalmente, da população carente da nossa Cidade.

No entanto, quando o legislador elaborou emenda que resultou no artigo 32, do presente Projeto de Lei, esbarrou no vício intransponível da inconstitucionalidade. Ou seja, a Carta Maior veda a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa.

Ante as razões aduzidas, e usando das prerrogativas do artigo 47, parágrafo 1º da Lei Orgânica, VETO, parcialmente o PLCE nº 017/88, por inconstitucional, visto contrariar o disposto no artigo 167, inciso IV, da Constituição Federal.

Confiante no espírito público e no discernimento legal do Poder Legislativo, resta-me a certeza da acolhida do VETO PARCIAL aposto ao Projeto de Lei em questão.

Na oportunidade, envio a V. Exª e a seus Pares meus cordiais cumprimentos.

                                                                       (a)  Olívio Dutra, Prefeito.”

                                                                           

O SR. PRESIDENTE: Nada mais havendo a tratar, encerro os trabalhos.

 

(Levanta-se a Sessão às 19h15min.)

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